sábado, 14 de março de 2009

Décio

Passei hoje no supermercado para comprar alimentos orgânicos. E álcool.
Vi o mestre Décio Pignatari com a mulher. Obviamente, estavam fazendo compras.
Fui aluno de Décio numa especialização na gloriosa Federal (que não concluí).
Admirei-o à distância.
Está velhinho, vai morrer em Curitiba. Gosto muito dele, mas não tenho coragem de me aproximar, apresentar-me etc.
Não li Pantero, mas li muita coisa dele na imprensa.
Décio criou o nome e a marca Petrobras. Um dia perguntei-lhe: professor, é Petrobrás ou Petrobras? Ele respondeu-me: Você entendeu? Sim, respondi-lhe. E ele, o velho, o sábio: Então, tanto faz.
Então, tanto faz como tanto fez: é Décio Pignatari ou Decio Pinhatari? Tanto faz, assim como eu não mudo a história do planeta.
Décio, ora curitibano.
Pra ele fiz vários poemas medíocres.
Lembra da coca-cola, coca etc?
Vou pegar no google e colar aqui.
Aqui, colei:
Décio Pignatari


Cloaca

beba coca cola babe cola beba coca babe cola caco caco cola c l o a c a.

Aí, pensei: a poesia é fácil. Não, a poesia dói. Cada palavra é um conjunto de letras pensadas. Há a poesia espontânea? Sim? Mas há a poesia cerebral.
Décio lavra a palavra, lê letra por letra, mastiga, deglute, digere, expele.
Décio anda por aí. Como Dalton.
Estava a cortar-lhe a barba, doutor. Ele me agarrou, assustei-me e a navalha mergulhou na garganta. Não gritou. Não bebi-lhe o sangue. Só um beijo.
E ao Décio:
Numa crise de asma, lembrei do mestre:

Ar, ar, ar
Ar-te
Te ar
Costura assim
Meu fim.
Besos

Vai, gordão

Rossi, meia que jogou no Santos e no Coritiba nos 70, era assumidamente gordo (baixinho e gordacho), até porque não dava para esconder a imensa, confortável, amiga barriga.
Era um craque.
Gerson, fumante a vida toda, economizava energias. Em vez de correr 40 metros, passava, no peito do colega, uma bola de 40 metros.
Lembro que Paraná, ponta de São Paulo, e Rivelino, esse mesmo, bebiam Cinar na TV.
Romário disse um dia: "Do jeito que anda o futebol brasileiro, jogo até os cinquenta."
Ronaldo, gorducho, pesado, fumante e bebente, dá de dez em todos que estão aí. Ele passarinho gordão, como um sabiá que anda ciscando no meu quintal - e voa.
Que assuma.
Joga muito.
Não se cobre dele a magreza dos tempos do Cruzeiro, a força atlética quando do PSV, do Barça, do Real etc., da Copa da Ásia.
Está velho, gordo, bebe e fuma. E daí?
Mas joga muito mais que os "craques" que aqui estão.
Que não se confunda o especialista com a mulher barbuda, o homem mais forte do mundo, o malabarista do circo. É atração, mas é gente - gordo, rico, feliz etc.
Ronaldo é matador.
Que cuide da pressão e das porcarias no sangue.
Que beba, fume e jogue.
Lembro-me do Gerson, do Rossi.
De um ex-gordo, que não joga nada direito, nem xadrez (o grande mestre internacional Jayme Sunyé Neto continua em forma, mata todos nós no tabuleiro e foi eleito presidente do Instituto de Engenharia do Paraná).
Ronaldo: o melhor gordo, fumante e bebum do mundo do futebol.
Fifa: crie essa categoria, a dos ex que jamais serão ex.
Suerte a ustedes.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Ressaca

O olhar de Capitu

Prestimosa, inconseqüente defensoria das retumbantes coxias fluorescentes, deita-se ao alvedrio das nuvens claras, planaltos em decúbito. Resta, incandescente, a inspeção risonha de obras raras postas nuas pela estrada. Estufa a aurora, claramente uma nesga de ossatura invejável percorre as trufas sob a égide crepuscular. Haja listas frouxas, pendência decisiva rente à nuca. O que se depreende desta cártula ilesa, urbana e mera quimera pubiana?
É assim que se galgam plátanos e lhamas desalmadas. Retira a parada do clamor singular, espeta-se a nave que rufa, a trufa que navega solerte sobre a mula inerte. Ah, as paixões, os borbotões, os passes triunfantes percorrendo a saliva e a chuva a cobrar seixos, a língua a percorrer seios. A intermediária da área cai à noite. Levanta as dragonas, vidros ilíquidos, destarte classifica os vitupérios sefarditas que dividem os macadames indefesos. Nádegas da metalurgia e da teurgia a apontar focos de palmas e sandálias.
A lagarta inclassificável detesta antepassados oleosos, fósforos de aço, iluminuras descabaçadas, cabeçudas descabeladas. Eis a finalização cibernética das civilizações alcoólicas e tranqüilas. Piscinas púrpuras fixam clivagem devassa na esteira da hermenêutica pubiana. Salvas de piscicultura atormentam as madrugadas xenófobas dos pedintes xifópagos.
Eia, sus! Brada a alvorada alforriada em centúrias resplandecentes. Negro cabedal, sesquipedal importância dos tons e semitons que perpassam automóveis em reparos. As chaleiras cuneiformes destoam do ambidestro estigma do indígena azulado. O partido desunido implora, destarte, por canículas de musgos pálidos e ululantes. Que é de magro destino? Lentas borboletas destoam com seus cânticos nefastos.
Mulheres siderais espoucam labaredas pelos becos, lamaçais estóicos. Podologia complexa barra o chiste do xistáceo. Mas necas de pitibiribas do pastel convexo desnudar andorinhas. Patelas semitonam, apesar de nada acontecer no arrebol, e a passada do escoteiro arrefecer em frente ao urinol candente dos crustáceos marrons, como cheias e colcheias sob a colcha de retalhos e recursos derivados das maçãs.
Extraordinário discurso que perpassa a pasta em chamas, não? É o que indaga o fecho do trecho sem nexo do virtual caçador de dragonas e pomadas. Nada que se diga de permeio, negação da aleivosia trabalhista e quirografária. Donde se vê que de tudo é um pouco carbonário, tentativa de eco em beco estacionário. Cânticos de dromedário infenso aos cremes de ciprestes, como um conta-gotas de piche nas delongas do trapiche. Assim se dá a compostura, argumentam drosófilas centenárias ao arremeter descontos nas pirâmides estacionárias. Sonhos, nada além, dirão calhordas livrescos sob os códigos de lâminas de chocolate encadernado.
Esta sesmaria se arremete ao rancho das conchas intramuros, celulares de monturos, moscas de porcelana. Anões e riachos se entregam à mansidão experimental da glosa fria, da pia vazia de orações perimetrais. Donde a hipermetropia dos anzóis se desfaz em sombras e pistaches surdos, feito corcundas de elementos hiperbólicos e priápicos ao sabor dos seixos encalavrados nas termas taturanas. São, do ofício, os ossos e os eixos, feito música de paredões inauditos e inexpugnáveis tartarugas rutilantes.
Nenúfar, nenúfares, nifeáceas farisaicas, seu nefelibata de merda, vocifera o legiferante, arfante, bipolar, o terço a orar feito o planador apicultor. Destarte, as veias saltitantes das mãos enraizadas. E o supraquiasmático do agricultor expressa desdém ao helicóptero fariseu, lento gineceu de abóbodas helicoidais. Ah, as vestes de platibanda que atordoam os conta-gotas ancestrais, estatuetas verticais.
E então o asmático do pomo-de-adão feito pedra, feito Pedro, se esquiva da esquina, do beco à breca. Estaca diante do que se professa adiante, como se na estiva estivesse a sapatear rutilante, nau tonitruante do imperador enregelado e estereofônico, algo sinfônico, celular e serial. Ali, ali, acolá o salto do ázimo caixote se encaixa feito vespa na tulha do ervanário. Ah, as tralhas, as trolhas do dicionário sob e sobre a tempestade amarelada, as mulas atoladas nas axilas e nas micoses das charretes idolatradas.
As fronteiras sibilantes se esvaem em sambas e montanhas. Muralhas à tardinha, dirá o vate da valeta, ladino proxeneta. Alvíssaras, alvíssaras! Ladra o ladrão nos desvãos dos macadames educacionais, qualidade apropriada ao muro. Quando, quando?, eis que beija a parede o devasso girassol, em meio ao soluço liberal dos amores saturninos. E logo o fonograma arrebata a tigela rarefeita e esparge, borrifa os personagens galhardos e tímidos aos potentes anzóis desorientados. Alados, livros livres despenteiam isolacionistas siderais, ósculos monocondriais e sálvias longínquas. Séculos e ósculos vos contemplam como hoje os ônibus lusitanos.
Gongórica canção, samba-canção sussurra o mandrião ao pé do ouvido do ermitão. Reto, ambidestro, ele desdiz o que permeia a solidão das alsácias e aeroplanos. Há um plano, que plano? Um altiplano, importante e inexistente ideologia, uma tia malsã que se esboroa nos vales estivais. Melhor, pior negacear, sacar a arma, a alma que transita lunarmente, fogo, fogo, água, águaforte, tintura da fértil toalha mitocondrial. Palavra, brada o bardo. Pala a lavra, regurgita o pobre e podre poeta do nada, nada que nada em lava gengival. Sangue, sangue, elas inspiram e piram quem delas se aproxima e se revelam aniquilantes.
Como se dará a execução deste parvo cigarro quase apagado?, indaga o monge anelar? Gera-se o polegar merceeiro secular, seguro de ser alveolar, como se fabricado em oxigenado laticínio, parido em estação farisaica auricular. Industrial, idolatrado quadricular calçado, lendo, modorrento, madrugueiro torneiro. Onde, onde?, provoca o cocainômano, espirrando, salgado, triangular manhã de peras e chaves-de-fenda.
Mas os salões destituídos de brechas, xenófobos que só eles, cravam pistolas e alabastros intestinais, respeitosos cabedais, furam castiçais e choram os táxis ecumênicos. Justifica-se? Tal e qual, cavalga o guarani em crescente ópera impressionista, um santo do pau-oco realista, criativo, atacante de pâncreas e sereias.
Eia, eia, vai que vai o cabide, sem nada prescrever de Deus, seu e deles deus, Manitu, Alá, Tupan, Yavé. Jamé, baby, jamé me possuirás, brada o gerânio ao mago cotonete. Artista, sobe e sabe o som, por isso e por isto se expõe. Grânulo, pedregulho, tecnocrata, pedra brita sobre e sob o céu da boca. Só chega aos três tristes tigres. Realmente, de fato, in verbis, arrota, regurgita o assoalho, o forro e o serralho. Desdenha a permissão do renascimento industrial do caralho. A quatro.
Quem, quem? Destarte, a amarela corda estica e puxa e nada, nada como já se disse. Qual, qual a poesia provocaria o vagabundo inconseqüente, sob trema já natimorto e programado? A rima, a rima, responderia o endereço, o pássaro empedernido, luzidio aeroplano a caminhar sob as azaléias e os cabedais. O professor, mais e mais, sucumbe à impressora, compromete-se diante do secular argumento do eqüino e do sulino. Minhocas? Flores? Iniciativas?
Ele adormece e chama a si as aleivosias das tias e das drosófilas frias, os insights religiosos do embate sem as crias dos receptores que já eram. E sonha com os paralelepípedos ignaros e selvagens, discutíveis redutores. Anjos na contramão, românticos motores que potencializam as rodovias. Não, não morre nos contrastes, nas tintas seculares, na frieza da dúvida carnal, raivosa, carinhosa, adequada à quadra esverdeada. Verde, verde, desaba analiticamente, contemporânea das intelectuais borboletas apartadas.
Eis as colunas, aliás platibandas, elefantíases brandas. Romanas conquistas renováveis que surpreendem cenários de um momento em que os discursos são fermento de espirais e de balanças ancestrais. Diferem, em escala, em escada, em escalada, dos montes e das montanhas. Insetos, mergulham nas olímpicas piscinas de avestruzes e jornais. Batem palmas, chutam bolas, espiam fotos e corretas graxas de empréstimos ensangüentados. Tanto faz como tanto fez. Como dizia Sócrates: fodam-se. Só sei que tudo sei.
E o que sei é mais ou menos. O que é a política, apesar da constatação sobre a queda do combustível dos hipopótamos circunavegantes e seus planos? Instáveis os humanos. Gatos perpassam no tempo e redigem, otimistas, patamares oportunos. Sabem ser galos e calos, passeiam com estrangeiras amígdalas faceiras, cestas de ruas altaneiras.
Voltem, voltem, ventos e eventos. Traumáticas expansões vivenciadas, escassos cossacos nas praias. Espraiem-se. Imagéticos. Magnéticos. Solo de água de bateria. Muriáticos sentimentos. Pentimentos. Economia resumida. Diretivas felinas, opções ursinas. Impactos sem tato. Patos sem rimas.
Chove, agora. Água, água, viu? E o trato da crina? Mulher, mulher, e a trama dos climas? Preços em alta ou baixa, fundamental creolina. Fator da equação: xis vezes ypsilone igual não sei, sabe, menina?
O que se sabe, enfim, é das crises das raposas grávidas e dos elefantes estáticos. Mercado, bichos, peripatéticas decisões analíticas, em período verborrágico, sádico tempo de sereias e algas. Tipo assim, outra coisa, bactérias e gasolina em trágica quimera. Parece? Nada, nada, quem dera. Trata-se de hera, combustível e fenol, inseto a sorver trilhos imponderáveis. Aonde vai dar, aonde vai? Vilipêndios, recursos qualificados, caramelados, ancestrais. Pérolas, pérgulas, pianos e masmorras parentais.
E ela, mas ela? Disse-me, disse-nos, há nós, há nós, nós e o plural de nó, há nozes, há nós, nós, nós vários, vozes e vocês, há voz, há vós, avós. Chega, pare, paro. Nada mais digo nem direi nem farei, fariseu, farisei, farei. Há nossos antepassados, repassados dignos de nota, notas musicais. Há dós, rés e mis. E sóis. E o sol que rutila nauseabundantemente sobre nossas janelas e cinzeiros e altaneiros arrebóis. E a ressaca do mar e dos olhos sem fim de Capitu. E ela, e ela? Diamantes aos porcos, donde se conclui que, que, que, gaguejadamente se faz abluções sobre letras e litros de palavras, lavras de pensatas. Pasta dental, flanelas, prateleiras, panelas altaneiras, lojas de amebas sensatas, silvos de tratados de sábios e nefelibatas.
Mas há o mar. Ah, o mar. Água de sal e de soluços de saudades de luas e planetas sob os pés de múltiplos dedos e pegadas. Sal, saudade, abraços e tombos no sem-fim em busca dela. Buscadela. A cadela que se esvai e se apruma, toma o rumo do céu e do créu, onda que se apruma rumo ao prumo do enxerto da lavra de quem lavra e se morre como se pra sempre fosse navegar.
Navego, nêgo, nego, cândida embarcação que se busca e se perde.
Náufrago, naufrago.