sábado, 18 de abril de 2009

Porque hoje é sábado

Rolando e rolando esta página lá pra baixo há uma brincadeira sobre o sábado, que por artes deste hospedeiro saiu publicada como se fosse na sexta-feira.
Então, porque hoje é sábado, de novo, e sempre será sábado a cada sete dias, partindo do sábado, mando aqui um grande poema brasileiro, de um dos melhores brasileiros de todos os tempos, o mestre Marcus Vinicius da Cruz de Melo Moraes.
Continua sendo inesquecível.

--
O dia da criação

Macho e fêmea os criou.
Gênese, 1, 27

I


Hoje é sábado, amanhã é domingo
A vida vem em ondas, como o mar
Os bondes andam em cima dos trilhos
E Nosso Senhor Jesus Cristo morreu na cruz para nos salvar.


Hoje é sábado, amanhã é domingo
Não há nada como o tempo para passar
Foi muita bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo
Mas por via das dúvidas livrai-nos meu Deus de todo mal.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Amanhã não gosta de ver ninguém bem
Hoje é que é o dia do presente
O dia é sábado.


Impossível fugir a essa dura realidade
Neste momento todos os bares estão repletos de homens vazios
Todos os namorados estão de mãos entrelaçadas
Todos os maridos estão funcionando regularmente
Todas as mulheres estão atentas
Porque hoje é sábado.


II

Neste momento há um casamento
Porque hoje é sábado
Hoje há um divórcio e um violamento
Porque hoje é sábado
Há um rico que se mata
Porque hoje é sábado
Há um incesto e uma regata
Porque hoje é sábado
Há um espetáculo de gala
Porque hoje é sábado
Há uma mulher que apanha e cala
Porque hoje é sábado
Há um renovar-se de esperanças
Porque hoje é sábado
Há uma profunda discordância
Porque hoje é sábado
Há um sedutor que tomba morto
Porque hoje é sábado
Há um grande espírito-de-porco
Porque hoje é sábado
Há uma mulher que vira homem
Porque hoje é sábado
Há criançinhas que não comem
Porque hoje é sábado
Há um piquenique de políticos
Porque hoje é sábado
Há um grande acréscimo de sífilis
Porque hoje é sábado
Há um ariano e uma mulata
Porque hoje é sábado
Há uma tensão inusitada
Porque hoje é sábado
Há adolescências seminuas
Porque hoje é sábado
Há um vampiro pelas ruas
Porque hoje é sábado
Há um grande aumento no consumo
Porque hoje é sábado
Há um noivo louco de ciúmes
Porque hoje é sábado
Há um garden-party na cadeia
Porque hoje é sábado
Há uma impassível lua cheia
Porque hoje é sábado
Há damas de todas as classes
Porque hoje é sábado
Umas difíceis, outras fáceis
Porque hoje é sábado
Há um beber e um dar sem conta
Porque hoje é sábado
Há uma infeliz que vai de tonta
Porque hoje é sábado
Há um padre passeando à paisana
Porque hoje é sábado
Há um frenesi de dar banana
Porque hoje é sábado
Há a sensação angustiante
Porque hoje é sábado
De uma mulher dentro de um homem
Porque hoje é sábado
Há uma comemoração fantástica
Porque hoje é sábado
Da primeira cirurgia plástica
Porque hoje é sábado
E dando os trâmites por findos
Porque hoje é sábado
Há a perspectiva do domingo
Porque hoje é sábado


III

Por todas essas razões deverias ter sido riscado do Livro das Origens,
ó Sexto Dia da Criação.
De fato, depois da Ouverture do Fiat e da divisão de luzes e trevas
E depois, da separação das águas, e depois, da fecundação da terra
E depois, da gênese dos peixes e das aves e dos animais da terra
Melhor fora que o Senhor das Esferas tivesse descansado.
Na verdade, o homem não era necessário
Nem tu, mulher, ser vegetal, dona do abismo, que queres como
as plantas, imovelmente e nunca saciada
Tu que carregas no meio de ti o vórtice supremo da paixão.
Mal procedeu o Senhor em não descansar durante os dois últimos dias
Trinta séculos lutou a humanidade pela semana inglesa
Descansasse o Senhor e simplesmente não existiríamos
Seríamos talvez pólos infinitamente pequenos de partículas cósmicas
em queda invisível na
terra.
Não viveríamos da degola dos animais e da asfixia dos peixes
Não seríamos paridos em dor nem suaríamos o pão nosso de cada dia
Não sofreríamos males de amor nem desejaríamos a mulher do próximo
Não teríamos escola, serviço militar, casamento civil, imposto sobre a renda
e missa de
sétimo dia.
Seria a indizível beleza e harmonia do plano verde das terras e das
águas em núpcias
A paz e o poder maior das plantas e dos astros em colóquio
A pureza maior do instinto dos peixes, das aves e dos animais em cópula.
Ao revés, precisamos ser lógicos, freqüentemente dogmáticos
Precisamos encarar o problema das colocações morais e estéticas
Ser sociais, cultivar hábitos, rir sem vontade e até praticar amor sem vontade
Tudo isso porque o Senhor cismou em não descansar no Sexto Dia e, sim, no Sétimo
E para não ficar com as vastas mãos abanando
Resolveu fazer o homem à sua imagem e semelhança
Possivelmente, isto é, muito provavelmente
Porque era sábado.

Hillary vende o maridão

Se você não entende nada de espanhol, matricule-se num curso. Hoje em dia você precisa falar espanhol e inglês (no mínimo), saber nadar, dirigir e entender um pouco de informática. Eu sou um bom exemplo disso: não manjo nada de nada.

O texto abaixo foi retirado do melhor jornal do mundo, o El País, da Espanha. Não é preciso um dicionário. Boa leitura.
--
Bill Clinton
Nacimiento: 19-08-1946 Lugar: Hope
Hillary Clinton
Nacimiento: 26-10-1947 Lugar: Chicago

--
¿Quiere conocer a Bill Clinton, el popular ex presidente de Estados Unidos? Pues a lo mejor ésta es su oportunidad. Su mujer, la secretaria de estado Hillary Clinton ha comenzado una campaña promocional que tiene como premio nada menos que pasar un día con su marido. A cambio, los concursantes deben ayudarla a pagar los casi dos millones y medio de dólares que la ex senadora debe en concepto de gastos de la campaña electoral para ser candidata a la presidencia, que perdió ante Obama el año pasado.
Según informa la BBC, ha sido James Carville, el ex jefe de campaña de Hillary Clinton quien ha enviado un e-mail a sus partidarios con la ingeniosa oferta. Es tan fácil como donar cinco dólares y entrar en el sorteo de premios entre los cuales el más exclusivo es pasar todo un día con el ex presidente. Los otros: entradas para la final de American Idol, el O.T. estadounidense, y una comida en Washington con el mismo Carville, importante estratega que lleva años trabajando para el Partido Demócrata.
"Haga su contribución de cinco dólares ahora y hoy podría comenzar su camino hacia una de esas oportunidades que sólo se dan una vez en la vida", pone en el e-mail que ha enviado Carville. "Su contribución no sólo le da la opción de ganar uno de estos fantásticos premios, sino que también ayudará a nuestra querida amiga, Hillary Clinton, a pagar el último trozo de su deuda electoral".
De todas maneras, y como era de esperarse, el día con Bill Clinton tiene el panorama un tanto restringido. El ganador quedará con él en Nueva York y le acompañará a "varios eventos interesantes".
Ésta no es la primera campaña que llevan a cabo cercanos a la secretaria de estado para ayudarla a pagar su deuda, que partió siendo nada menos que de 25 millones de dólares. Gracias a varias ayudas de estrategas políticos, algunos tan importantes como Mark Penn, la ex candidata está a punto de terminar de pagarla. Y es que su cargo la imposibilita a realizar este tipo de eventos, pero se ve que sus leales ayudantes no le han dado la espalda.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Reflexões do companheiro Fidel

Militares con criterios acertados

(Tomado de CubaDebate e, aqui, retirado do Granma)

No se sabe cuántas personas en Estados Unidos le escriben a Obama y cuántos temas diferentes le plantean. Es evidente que no puede leer todas las cartas y abordar cada uno de los asuntos, porque no le alcanzarían las 24 horas del día y los 365 días del año. Lo que sí es seguro es que los asesores, apoyados por las computadoras, equipos electrónicos y celulares responden todas las cartas. Su contenido será registrado y existen de antemano las respuestas apoyadas en múltiples declaraciones del nuevo Presidente durante su campaña por la postulación y la elección.

De todas formas, las cartas influyen y tienen un peso en la política de Estados Unidos ya que no se trata, en este caso, de un político corrupto, mentiroso e ignorante como su predecesor, que odiaba los avances sociales del New Deal.

Por ello fijé mi atención en un cable publicado ayer 14 de abril, procedente de Washington, suscrito por la agencia de noticias DPA:

"Un grupo de altos militares retirados estadounidenses instó al presidente Barack Obama a ‘apoyar y firmar’ una Ley para acabar con la prohibición de viajar a Cuba de todos los norteamericanos, argumentando que el embargo contra la isla no sirve a los propósitos políticos y de seguridad de Washington.

"‘El embargo ha provocado un significativo movimiento diplomático contra la política estadounidense’, advierten los 12 altos oficiales retirados, entre ellos el ‘zar de las drogas’ durante la presidencia de Bill Clinton, Barry McCaffrey, y el ex jefe del estado mayor de Colin Powell, Lawrence B. Wilkerson, en una carta dada a conocer hoy en Washington.

"‘Como militares profesionales, entendemos que los intereses de Estados Unidos están mejor atendidos cuando el país es capaz de atraer el apoyo de otras naciones hacia nuestra causa’, insisten los militares en la misiva enviada el lunes a Obama, en el mismo día en que el presidente norteamericano anunció el fin de las restricciones de viajes y remesas a cubano-americanos, pero no para todos los ciudadanos del país, como reclaman sectores progresistas.

"A juicio de estos militares, la ‘Ley sobre la Libertad para viajar a Cuba’ presentada ante la Cámara de Representantes por el demócrata Bill Delahunt ‘es un importante primer paso hacia el levantamiento del embargo’.

"Un tipo de política, agregan, ‘con más posibilidades de llevar el cambio a Cuba’ y también para cambiar la imagen internacional de Washington.

"‘En todo el mundo los líderes están reclamando un verdadero cambio político basado en las esperanzas que usted inspiró con su campaña’, sostienen los militares.

"‘Cuba se ofrece como el elemento más a mano para demostrar ese cambio y sería además una maniobra que quedaría profundamente grabada en la mente de nuestros socios y rivales en el mundo’, agregan."

Ubicada la noticia entre 315 páginas de cables parecería algo intrascendente. Sin embargo, aborda el meollo del problema que motivó cuatro reflexiones en menos de 24 horas, en torno a la Cumbre de las Américas, que se iniciará dentro de 48 horas.

En Estados Unidos las guerras las desatan los políticos y tienen que hacerlas los militares.

Kennedy, inexperto y joven, decretó el bloqueo y la invasión de Girón, organizada por Eisenhower y Nixon que de guerras sabía menos que aquel. El inesperado revés lo condujo a nuevas y desacertadas decisiones que culminaron en la Crisis de Octubre de la cual sin embargo salió airoso, pero traumatizado por el riesgo de una guerra termonuclear de la que estuvo muy cerca, como me contó el periodista francés Jean Daniel. "Es una máquina de pensar", añadió en elogio al Presidente, que lo había impresionado mucho.

Entusiasmado más adelante con los Boinas Verdes, los envió a Vietnam, donde Estados Unidos apoyaba la restauración del imperio colonial francés. Otro político, Lyndon Johnson, llevó aquella guerra hasta las últimas consecuencias. En esa ingloriosa aventura más de 50 mil soldados perdieron la vida, la Unión despilfarró no menos de 500 mil millones de dólares cuando el valor de estos en oro bajó 20 veces, mató millones de vietnamitas y multiplicó la solidaridad con aquel país pobre del Tercer Mundo. El servicio militar tuvo que ser sustituido por soldados profesionales, alejando al pueblo del entrenamiento militar, lo cual debilitó esa nación.

Un tercer político, George W. Bush, protegido por su padre, llevó a cabo la guerra genocida de Iraq que aceleró la crisis económica, haciéndola más grave y profunda. Su costo en cifras económicas se eleva a millones de millones de dólares, una deuda pública que caerá sobre las nuevas generaciones de norteamericanos, en un mundo convulso y lleno de riesgos.

¿Tienen o no razón los que afirman que el embargo afecta los intereses de seguridad de Estados Unidos?

Los que escribieron la carta no apelan al uso de las armas, sino a la lucha de ideas, algo diametralmente opuesto a lo que han hecho los políticos.

En general los militares norteamericanos, que defienden el sistema económico, político y social de Estados Unidos, poseen privilegios y son altamente remunerados, pero se preocupan de no incurrir en el robo de los fondos públicos, que los conduciría al descrédito y a la falta total de autoridad para su desempeño militar.

Ellos no creen que Cuba constituya una amenaza para la seguridad de Estados Unidos, como han tratado de presentarnos ante la opinión pública norteamericana. Han sido los gobiernos de ese país los que convirtieron la base de Guantánamo en refugio de contrarrevolucionarios o emigrantes. Peor que todo eso, la convirtieron en un centro de torturas que la hicieron famosa como símbolo de la negación más brutal de los derechos humanos.

Los militares conocen también que nuestro país es modelo de lucha contra el tráfico de drogas, y que nunca desde nuestro territorio se ha permitido acción terrorista alguna contra el pueblo de Estados Unidos.

Como lo pudo comprobar el Caucus Negro del Congreso, incluir a Cuba en la lista de países terroristas es lo más deshonesto que se ha hecho nunca.

Al igual que a los senadores Lugar, Delahunt, el Caucus y otros influyentes miembros del Congreso, les damos las gracias a los que escribieron la carta a Obama.

No tememos dialogar; no necesitamos inventar enemigos; no tememos al debate de ideas; creemos en nuestras convicciones y con ellas hemos sabido defender y seguiremos defendiendo nuestra Patria.

Con los fabulosos avances de la tecnología, la guerra se ha convertido en una de las ciencias más complejas.

Es algo que los militares norteamericanos comprenden. Saben que no es cuestión de ordeno y mando al estilo de las viejas guerras. Hoy los adversarios posiblemente no se vean jamás las caras; pueden encontrarse a miles de kilómetros de distancia; las armas más mortíferas se disparan por programas. El hombre apenas participa. Son decisiones previamente calculadas y carentes de emociones.

He conocido a varios de ellos, ya retirados, que se dedican al estudio de las ciencias militares y las guerras.

No expresan odio ni antipatías hacia el pequeño país que ha luchado y resistido frente a un vecino tan poderoso.

En Estados Unidos existe en la actualidad un Instituto de Seguridad Mundial con el cual nuestro país mantiene contactos e intercambios académicos. Hace 15 años lo que existía era el Centro de Información de la Defensa (CID). Realizó la primera visita a Cuba a fines de junio de 1993. Entre esa fecha y el 19 de noviembre del 2004 realizaron nueve visitas a Cuba.

Hasta el año 1999 las delegaciones estuvieron integradas en su mayoría por militares retirados.

En la visita de octubre de 1999 comenzó a variar la composición de las delegaciones, disminuyendo la presencia de militares. Desde la visita número cinco todas las delegaciones estuvieron presididas por el prestigioso investigador Bruce Blair, experto en políticas de seguridad, especializado en fuerzas nucleares de control y mando. Profesor consultante en las universidades de Yale y Princeton. Ha publicado numerosos libros y cientos de artículos sobre el tema.

Conocí por esa vía militares que asumieron importantes papeles en las fuerzas armadas de Estados Unidos. No siempre coincidimos con sus puntos de vista, pero nunca dejaron de ser amables. Intercambiamos con amplitud sobre hechos históricos en los cuales ellos como militares habían participado.

Las visitas continuaron en el 2006, pero yo había tenido el accidente en Santa Clara y más tarde enfermé gravemente.

Entre los doce militares retirados que firmaron la carta a Obama estaba uno de los que participó en aquellas reuniones.

Supe que en el último encuentro que tuvo lugar, con franqueza, dijeron que los militares no tenían intención de agredir militarmente a Cuba; que había una nueva situación política en Estados Unidos, derivada de la debilidad de la administración por su fracaso en Iraq.

Para los compañeros que se reunieron con los norteamericanos estaba claro que se sentían mal dirigidos y se abochornaban por lo que estaba ocurriendo, aunque nadie podía ofrecer garantías sobre la política aventurera del presidente de Estados Unidos, que mantuvo hasta el último día de su administración. Aquella reunión tuvo lugar a principios de marzo del 2007, hace 14 meses.

Bruce Blair debe saber mucho más que yo sobre el espinoso tema. Siempre me impresionó su conducta valiente y transparente.

No deseaba que estos datos quedaran en los archivos esperando el momento en que ya no interesarían a nadie.



Fidel Castro Ruz
Abril 15 de 2009
9 y 16 p.m.

O Brasil de Lula

Por Marcelo Cunha (do site Terra)

É dura a vida de colunista e escritor. Não adianta eu falar, insistir, berrar aqui nesse espaço ou onde mais me deixarem à solta.
Tem que vir o Obama pra dizer em alto e bom inglês que o Lula é o cara, Lula is the man, e aí sim, a imprensa repete aos milhões, o Fernando Henrique tem um choque anafilático de tanta inveja e todo mundo cai na real.

Isso não significa que eu não tenha críticas ao Lula ou ao partido. Minha relação com eles é mais ou menos a que eu mantenho com as mulheres: gostaria que fossem muito diferentes, mas, olhem só as alternativas! Vivemos em um mundo real, com defeitos reais, consequências infelizes da nossa humanidade. Compreender esse mundo e governar para ele, tentando ao mesmo tempo torná-lo melhor, com direito a alguma quantidade de sonho, é o que diferencia um político competente de um estadista. E Lula é um estadista, o maior que já tivemos.

Eu acho que boa parte desse preconceito contra o Lula é preconceito mesmo, do ruim. Olhem o que eu ouvi ontem mesmo de uma moradora de um bairro nobre daqui. Ela explicou que não torce para o Corinthians, porque, afinal "tenho todos os meus dentes e conheço o meu pai". Uffff.
Lula, por exemplo, que mal conheceu o pai, na infância, e não sei quanto aos dentes, mas sei quanto aos dedos, torce para o Corinthians. E eleger o Lula foi um momento sublime para os brasileiros porque ele representou a nossa aceitação de nós mesmos por nós mesmos, condição essencial para uma nação ser algo maior do que um mero país. Eleito, Lula nos libertou e o Brasil deu o salto que todos vivem, mesmo que não queiram ver. Na América Latina, e eu leio a imprensa dos nossos vizinhos, Lula é idolatrado como um grande líder nacional, que ama seu povo e se dedica a defender os seus interesses, ao mesmo tempo em que
tenta sinceramente ajudar e integrar os que nos rodeiam.

Somos admirados por que passamos a nos levar a sério e deixamos de puxar o saco do primeiro mundo, como fazia o nosso pomposo FHC. Barramos espanhóis (inocentes, claro) na fronteira exigindo tratamento decente aos nossos viajantes que entram na Europa. Lula não tem medo de ninguém e exige estar no G-20, mas junto com o G-8, ou onde quer que se decida alguma coisa. Lula ajudou Chávez a sobreviver e hoje o enche de elogios, enquanto sabota seus piores planos e ajuda o Brasil a vender e ganhar muito com a Venezuela. Garantiu o empate na quase guerra de araque entre Colômbia e Equador, fazendo o Brasil atuar como o líder que tem que ser.

Lula abriu agências da Embrapa em países africanos, onde nossa biotecnologia tropical vai ajudar a combater a fome e criar uma agricultura moderna.

Ele também decidiu que não vamos exportar petróleo do pré-sal, coisa de país atrasado, e sim derivados com alto valor agregado. Isso não é lá visão geopolítica e estratégica? Viajou aos países árabes, nunca antes assunto para nossos governantes e criou laços que hoje se transformam em comércio, bom para todos. Aqui dentro, já que o Brasil também é assunto, manteve sim a política econômica anterior, mas lhe deu a direção social que faltava. E se alguém acha que isso foi coisa pouca, imaginem as pressões que Lula sofreu, às quais teve que resistir, enquanto a Argentina, aqui ao lado, experimentava heterodoxias com o Kirchner e crescia 10% ao ano.

Imaginem o que foi para um ex-torneiro mecânico peitar toda a suposta elite econômica instalada nos principais veículos de comunicação, que tentavam dizer a ele para onde apontar o nariz e que aprendesse a obedecer ou o mundo iria cair, culpa dele. Quem resiste a tudo e segue firme no caminho em que acredita é um líder. L-Í-D-E-R. Acerta e erra, mas lidera.
O maior mérito do Brasil de hoje é nosso, do povo brasileiro. Fomos nós que soubemos mudar, acabar com o PFL, optar pelo moderno e, por isso, hoje nosso destino se divide entre dois partidos e projetos viáveis, PSDB e PT. Se os dois são viáveis, o PT é mais generoso, e por isso a minha escolha.

Provavelmente seguiremos crescendo e nos afirmando como nação moderna e emergente, capaz de alimentar a si e ao mundo, o que para mim já está uma beleza, obrigado. Mas, alguém aí ousa comparar o Lula a gente um tanto insípida, inodora e incolor, como Aécio, Serra e mesmo a Dilma? Vamos talvez seguir rumo à prosperidade, mas de um jeito tão mais sem graça. Vocês conseguem imaginar algum desses nomes acima fazendo a frase sobre "banqueiros brancos e de olhos azuis, que achavam que sabiam tudo de economia" que hoje é repetida no mundo inteiro?
Lula, para mim, representa o fim do enorme desperdício que nosso país sempre praticou, ao ignorar a humanidade e inteligência do seu povo, acusando-o de ser pouco escolarizado. Eu tenho o privilégio de, de tempos em tempos, encontrar com leitores de grupos de EJA (Educação de Jovens e Adultos), na prática turmas de pedreiros, domésticas, carpinteiros, eletricistas; gente que deixou a escola quando criança e voltou agora, para aprender, inclusive, a ler. E ser lido por essas pessoas é uma enorme honra para um escritor que gosta de ser lido. E eles leem como ninguém, minha gente. Com uma garra e encantamento de arrepiar. E raramente têm a chance de trazer essa visão absoluta do mundo, essa experiência toda a para vida do nosso país. Lula, prezados leitores, fez e faz exatamente isso.

Eu conheço meu ilustre pai, para o bem ou para o mal, tenho praticamente todos os dentes e certamente todos os dedos, o que me coloca em uma camada, digamos, privilegiada, no Brasil. Mas, mesmo que não seja exatamente a minha cara, Lula consegue ser a cara brasileira da minha alma, de tantas outras almas de nosso país e, por isso mesmo, ele é, tem sido e vai ser o cara. O Cara, a nossa cara.

Pelo que eu conheço do mundo, essa coluna vai atrair toda uma desgraceira pra cima desse colunista. Pois, muito bem, que venha.
Esperar menos do que isso, estar menos preparado do que estou para combater o que vier, seria um desrespeito desse cidadão agradecido aqui, ao seu presidente, a quem tanto admiro e por quem tenho mais é que brigar mesmo. Podem vir, serão todos bem recebidos, e vamos em frente, nós e o Cara, fazer o debate e o país de que tanto precisamos.

Dizer "Esse é o cara" afirma a negritude do Obama e sua admiração por Lula. Vivemos melhor em um mundo assim, de aceitações, reconhecimentos, sinceridades. Se eles, que são políticos, podem, então a gente pode tudo, até mesmo torcer para o Corinthians, imagino, nesse admirável mundo novo que o século 21 nos traz.

*Marcelo Cunha é escritor e jornalista