sábado, 12 de dezembro de 2009

Bom final de semana

Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me vejam, e nem em pensamentos eles possam me fazer mal.

Armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrem sem o meu corpo tocar, cordas e correntes se arrebentem sem o meu corpo amarrar.

Jesus Cristo, me proteja e me defenda com o poder de sua santa e divina Graça, Virgem de Nazaré, me cubra com o seu manto sagrado e divino, protegendo-me em todas as minhas dores e aflições, e Deus, com sua divina misericórdia e grande poder, seja meu defensor contra as maldades e perseguições dos meus inimigos.

Glorioso São Jorge, em nome de Deus, estenda-me o seu escudo e as suas poderosas armas, defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza e que, debaixo das patas de seu fiel ginete, meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós.

Assim seja, com o poder de Deus, de Jesus e da falange do Divino Espírito Santo.

São Jorge, rogai por nós !

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Karate

Dojo kun
É o conjunto de cinco preceitos (kun) que são normalmente recitados no começo e no fim das aulas de caratê no dojo (local de treinamento). Estes preceitos representam os ideais filosóficos do caratê e são atribuídos a um grande mestre da arte do século XVIII, chamado Tode Sakugawa.
• Hitotsu jinkaku kansei ni tsutomuru koto
o Esforçar-se para a formação do caráter.
• Hitotsu makoto no michi o mamoru koto
o Fidelidade para com o verdadeiro caminho da razão.
• Hitotsu do ryoku no seishin o yashinau koto
o Cultivar o intuito do esforço.
• Hitotsu reigi o omonzuru koto
o Respeito acima de tudo.
• Hitotsu keki no yu o imashimeru koto
o Conter o espírito de agressão.

CORITIBA

O Coritiba Football Club desce de novo aos infernos como se fosse novidade. Não é. Sua queda eterna começou em 1965 quando começou a subir um estádio gigantesco para seu tamanho: o Belfort Duarte, hoje Couto Pereira.
No Alto da Glória.
Os imigrantes e seus descendentes que o fundaram, em 1909, criaram um clube de futebol. Só isso. Não para ser o maior nem o melhor. Era para ser um clube que representasse aquelas famílias e seus filhos, cujo time de futebol enfrentasse com galhardia os de antanho. Pura competição. Brancos de canela fina, ruins de bola, bons de correria.
Quem era bom de bola então?
O Coritiba, cujo O seguia o O da cidade de então, poderia ter sido Curitiba Futebol Clube.
Mas não: seguiu sendo o Coritiba Football Club, em inglês, mesmo.
Assim, jogou o football e cresceu.
Cresceu e ganhou tudo.
De uma costela nasceu e depois surgiu seu rival Atlético, pequenino que se desenvolveu e suplantou o rival Clube Atlético Ferroviário.
O maior clássico até os anos 60, era o Cori-Caf.
Eram todos pequenos, afinal, como pequena era a Curitiba daqueles anos 60.
Quando vinha um time grande jogar aqui, o trio de ferro formava um time imbatível para o enfrentar.
Foi assim com o Ferroviário no Robertão e, marcante, o Coritiba com o ponta (fantástico, inesquecível) Humberto diante da seleção da Hungria. Isso mesmo, seleção da Hungria, que havia derrotado o Brasil na copa de 66. O Coritiba venceu, claro, gol do parnanguara Oromar.
Mas pouco antes disso o Coritiba se achou gigante e começou a construir um estádio enorme, o Belfort Duarte, hoje Couto Pereira. Não precisava, não deveria.
Aí entra minha memória.
Tinha 9 anos e lembro que a obra parou. De minha parte, subia aquele esqueleto de concreto (como havia conhecido o Guairão e o HC, este explorado por mim e por meus amigos de rua como egiptólogos do novo) e mandava no gigante que se erguia.
Eu conheci cada pedaço do estádio que subia. Tinha, repito, 9 anos, e parecia que tinha 90, pois sabia tudo daquela engenharia. Sem rima, intuía que não precisávamos daquela obra toda, daquela gigantesca estrutura fria.
Enfim, aos 9, entrava sem pagar para ver o Coritiba jogar. Aos 9, aos 10, 11 e em diante, amava tanto o futebol que, mesmo louco pelo Coxa, ia a pé até a Baixada para ver o Atlético. E lá eu vi Charrão, Pedrinho, Renatinho, Pedro Alves, Valter. E depois Sicupira, tio-avô dos muus sobrinhos, que fui ver, sim.
Ia a pé à Vila Capanema para ver o Ferroviário. E lá eu vi Paulista, Caçula, Natálio e João Carlos, depois Villela e Madureira.
Ia a pé ao Taboão para ver o Primavera. E lá eu vi Zé Augusto, Carlito, Victor (que foi campeão no Cruzeiro), Ricardo, Altair, Almirzinho e Fiuza.
Meu pai me levava de fusca à Vila Guaira (era muito longe e éramos sócios do clube pr causa das piscinas, essa coisa babaca da burguesia) e de lá eu voltava a pé depois de ver o Água Verde jogar. E lá eu vi Teteu e Natal, Zé Carlos, Titure...
Fui mais de uma vez a pé ao Guabirotuba para ver o Britânia jogar. E lá eu vi Rocha.
Ia e voltava a pé, é onde hoje está o Big. Você encara? Hoje se fala fácil, mas a pé?
Eu era louco por futebol. Eu era o hino do Grêmio. Até a pé nós iremos...
Para me tirar do futebol, só as sessões duplas (a troco de um só ingresso) no Cine Guarani, ali perto da Biblioteca, ou do maldito – porque entulhado de pobres – Cine Curitiba, que meus pais não recomendavam.
Depois vieram todos os cinemas, o Rivoli, o São João, o Ópera, mas aí eu já tinha crescido e começava a escolher entre futebol e cinema. Eram escolhas dolorosas, mas depois eu consegui conciliar futebol e cinema. Assim como livros e peladas. Eu tinha todo o tempo do mundo.
Mas o Coritiba era meu cinema e meu futebol, ao mesmo tempo.
Não sei como, mas tinha tempo. Eu passava as tardes na seção juvenil da Biblioteca Pública. Li tudo que lá havia. Tim Tim, Monteiro Lobato, historinhas e historionas. Juro, moí tudo, do que me orgulho.
Não perdia os filmes, até os do Cine Clube Santa Maria.
Passavam uns na Reitoria e lá estava eu. Por sinal, ali vi “O balão vermelho”, um clássico que procuro para ter em minha casa.
E jogava bola. Meia boca. Com os mais velhos, da turma de meu primo Ciso, ficava invariavelmente no gol. Tinha muita sorte, pegava tudo, até que me rebelei. Havia disputa de pênaltis para pegar no gol, ou seja, quem perdia, ia pra debaixo dos paus. Pois quando me rebelei, aos 13,14 aninhos, comecei a jogar igual aos caras e comecei a fazer um gol atrás do outro. Respeitaram-me, ou não muito. Passei, como o meu amigo Mauri, a jogar com meu pessoal e com os mais velhos.
Tentava ser intelectual com eles. Impossível.
Um dia comentei sobre Let it be, Beatles, e levei uma mijada de um velho: “Fala ledbi”. Coitado. Já morreu.
De volta ao Coritiba.
Voltou pra segundona quando decidiu ser o grandão. Não precisava. Seria o maior de todos os tempos, mas ao construir o estádio, começou a afundar sem precisar.
Estádio esqueleto, presidente Lincoln Hey, a casa caindo, Evangelino assume.
Se eu estiver errado, o fraco time de 65 ou 66 é:
Erol; Vivi, Nico, Bequinha e Antero; Lucas e Orlando; Tião, David, Kruger e Edson.
Estou ficando velho.
Mas a dupla Nico e Bequinha era genial.
Nico e Berto, vindo do Londrina, seria a dupla campeã em 68.
Lucas era o volante.
E tinha Kruger.
Você viu Kruger jogar?
Eu vi.
E assim o Coritiba subiu mais do que deveria.
Ganhou tudo depois daí e...
Fez um estádio em vez de um teatro, um Guairão.
Não precisava.
Poderia ter sido o Glorioso do Alto da Glória, com a torcida do Alto da Glória, Juvevê, Ahú, Bacacha, Boa Vista, Hugo Lange, Cristo Rei e essa região da cidade.
O estádio e a aproximação da periferia, com suas implicações sociológicas e tudo que vem por conta disso, e até o preconceito, eu conto quando der vontade.
O Coritiba alemão é o clube da periferia, dos comandos, da pobreza sem lazer, das fraldas da cidade onde não há nada, só a perspectiva de vir ao Alto da Glória.
Quero falar sobre a mudança da cidade, do bairro, do Coritiba, de mim vendendo refrigerantes em garrafas, das agressões às mulheres que iam ao estádio – a todos os estádios – assim que tiver tempo e saco de escrever.
Voltarei aos meus 9 anos.