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sábado, 6 de junho de 2009
sexta-feira, 5 de junho de 2009
David Carradine, Kung-Fu, Woodie Guthrie, Kill Bill
A imprensa diz que David Carradine morreu ao longo, em meio ou ao final de uma sessão particular de masturbação anabolizada por um cinto amarrado no pescoço, outro no saco etc. e tal. Mas dentro do armário do quarto do hotel tailandês?
Bater uma dentro do armário, sozinho?
Vá lá.
Tudo bem. Toda morte é estúpida.
Guardemos a imagem da grande figura que ele foi.
O seriado Kung-Fu marcou a infância/adolescência de muita gente que está nos 40/50. Eu inclusive.
O argumento original era do Bruce Lee, que ficou de fora porque sua cara era oriental demais para os padrões dos EUA à época.
Bruce Lee dançou. Pena. Outro dia falo sobre ele.
Mas David Carradine encarnou à perfeição o china mestiço que emigrou da China aos EUA de antanho e lá percorreu caminhos de sabedoria.
Asssiti à série inteira.
A garotada foi treinar artes marciais também por causa do Gafanhoto.
Lembro-me de um capítulo em que ele sofre sua primeira derrota - e meio que se recupera - na porrada: para um negão capoeirista, traficante de pedras preciosas, que havia vivido ou era, sei lá, do Brasil.
Era um ótimo ator o David Carradine.
Li tempos atrás que Tarantino procurou-o para filmar Kill Bill e prometeu-lhe que, na segunda parte, ele teria a melhor cena do filme.
Aquela em que ele chega ao templo onde a personagem de Uma Thurman ensaiava seu casamento.
Os dois conversaram minutos a fio na varanda. Genial.
Depois, David comentou:
- Quentin prometeu-me a melhor cena do filme. Não, não foi. Foi a melhor cena da minha vida.
David, filho do vilão dos faroestes John Carradine, dos tempos de nossos pais.
Grande ator, grande vilão o pai de David.
David, que - lembram? - encarnou Woodie Guthrie.
Três papéis históricos não bastam para inscrever o cara na história dessa arte?
Hoje lembrei-me do irmão dele, Keith Carradine, sumido. Em Nashville, de Robert Altman, o personagem participa de um festival de música country e ganha uma mulher casada cantando ao violão "I´m easy" só olhando pra ela. Outro ótimo ator.
Tenho o disco, em vinil.
Boa família, essa Carradine.
Voltando a David Carradine.
No fundo, tirando os suicidas, ninguém escolhe a melhor ou a pior maneira de morrer.
Mas alguns morrem suicidando-se por acidente.
Foi na punheta?
Dane-se quem falar mal.
Punheta aos 72 anos?
Muita saúde.
Baixem na internet o seriado Kung-Fu (Bruce Lee também foi gigante; Operação Dragão é imbatível, e a cena dos espelhos é inigualável, meio Ano Passado em Marimbead, do Alain Resnais).
Comprem, aluguem, baixem Kill Bill I e II.
Baixem o filme sobre o Woodie Guthrie (não me lembro o título).
David Carradine vai fazer falta.
Gafanhoto.
Bater uma dentro do armário, sozinho?
Vá lá.
Tudo bem. Toda morte é estúpida.
Guardemos a imagem da grande figura que ele foi.
O seriado Kung-Fu marcou a infância/adolescência de muita gente que está nos 40/50. Eu inclusive.
O argumento original era do Bruce Lee, que ficou de fora porque sua cara era oriental demais para os padrões dos EUA à época.
Bruce Lee dançou. Pena. Outro dia falo sobre ele.
Mas David Carradine encarnou à perfeição o china mestiço que emigrou da China aos EUA de antanho e lá percorreu caminhos de sabedoria.
Asssiti à série inteira.
A garotada foi treinar artes marciais também por causa do Gafanhoto.
Lembro-me de um capítulo em que ele sofre sua primeira derrota - e meio que se recupera - na porrada: para um negão capoeirista, traficante de pedras preciosas, que havia vivido ou era, sei lá, do Brasil.
Era um ótimo ator o David Carradine.
Li tempos atrás que Tarantino procurou-o para filmar Kill Bill e prometeu-lhe que, na segunda parte, ele teria a melhor cena do filme.
Aquela em que ele chega ao templo onde a personagem de Uma Thurman ensaiava seu casamento.
Os dois conversaram minutos a fio na varanda. Genial.
Depois, David comentou:
- Quentin prometeu-me a melhor cena do filme. Não, não foi. Foi a melhor cena da minha vida.
David, filho do vilão dos faroestes John Carradine, dos tempos de nossos pais.
Grande ator, grande vilão o pai de David.
David, que - lembram? - encarnou Woodie Guthrie.
Três papéis históricos não bastam para inscrever o cara na história dessa arte?
Hoje lembrei-me do irmão dele, Keith Carradine, sumido. Em Nashville, de Robert Altman, o personagem participa de um festival de música country e ganha uma mulher casada cantando ao violão "I´m easy" só olhando pra ela. Outro ótimo ator.
Tenho o disco, em vinil.
Boa família, essa Carradine.
Voltando a David Carradine.
No fundo, tirando os suicidas, ninguém escolhe a melhor ou a pior maneira de morrer.
Mas alguns morrem suicidando-se por acidente.
Foi na punheta?
Dane-se quem falar mal.
Punheta aos 72 anos?
Muita saúde.
Baixem na internet o seriado Kung-Fu (Bruce Lee também foi gigante; Operação Dragão é imbatível, e a cena dos espelhos é inigualável, meio Ano Passado em Marimbead, do Alain Resnais).
Comprem, aluguem, baixem Kill Bill I e II.
Baixem o filme sobre o Woodie Guthrie (não me lembro o título).
David Carradine vai fazer falta.
Gafanhoto.
David Carradine
Gafanhoto entra na loja de calçados e pede ao vendedor:
- Um par de botas de amarrar, por favor.
- Qual o número? -, indaga o atendente.
- Qualquer um. É pra pendurar no ombro.
- Um par de botas de amarrar, por favor.
- Qual o número? -, indaga o atendente.
- Qualquer um. É pra pendurar no ombro.
quinta-feira, 4 de junho de 2009
Imprensa tonga
É comovente a tonguice da imprensa paranaense.
É histórico seu costume de falar, escrever sobre assuntos que desconhece e que considera de conhecimento obrigatório do público.
Depois, pra consertar, nos dá um porre, como se fôssemos um bando de ignorantes.
Agora nossos laboriosos jornalistas descobriram o que é sensação térmica, séculos depois da ivenção do termômetro de Fahrenheit, no século XVII.
Isto mesmo: sensação térmica, a temperatura que o corpo humano sente, que é resultante da temperatura registrada pelo termômetro mais um golpe de vento, uma chuva gelada e por aí vai.
Bem, você já sabia o que é sensação térmica e eu não precisaria ter explicado.
Mas agora, eis que nossas rádios, TVs e jornais resolveram desvendar a tal sensação térmica.
Nossa imprensa descobriu a sensação térmica.
Outro dia, na RPC, a garotinha do tempo explicou didaticamente o que é sensação térmica.
Na CBN, o Wille e o colaborador gratuito do Simepar (alô, pessoal do Simepar: não deixem o Joel Malucelli explorar vocês. Exijam pagamento por falarem de graça nas rádios dele) falam o tempo todo em sensação térmica.
E ontem, alta noite, o âncora (ou anzol?) Carlos Kleina, das transmissões esportivas, falou de cátedra sobre sensação térmica com o repórter de sua rádio. Com sua voz de Roberval Taylor, perguntou: "E qual é a sensação térmica em campo, fulano?"
Essa gente vai ficar enchendo nosso picuá até arrumar outro tema.
Aí, quem sabe, será a vez da adrenalina.
Isso mesmo: a adrenalina, por que não?
Já reparou que toda matéria de esporte radical começa com a inevitável palavra adrenalina? O repórter de TV começa sempre gritando: "ADRENALINA!!!!"
Estou ávido à espera de uma matéria decente sobre o que é a adrenalina e para que serve esse nosso hormônio do enfrente ou fuja. Como funcionam as supra-renais e por aí vai.
Daí vai ser bacana ler, ver, ouvir a enxurrada de matérias sobre a adrenalina.
Ah, e tem o spread bancário – pouco explorado -, a velocidade em inércia em acidentes de trânsito, a hipotermia, a ruptura dos deltóides, a...
É histórico seu costume de falar, escrever sobre assuntos que desconhece e que considera de conhecimento obrigatório do público.
Depois, pra consertar, nos dá um porre, como se fôssemos um bando de ignorantes.
Agora nossos laboriosos jornalistas descobriram o que é sensação térmica, séculos depois da ivenção do termômetro de Fahrenheit, no século XVII.
Isto mesmo: sensação térmica, a temperatura que o corpo humano sente, que é resultante da temperatura registrada pelo termômetro mais um golpe de vento, uma chuva gelada e por aí vai.
Bem, você já sabia o que é sensação térmica e eu não precisaria ter explicado.
Mas agora, eis que nossas rádios, TVs e jornais resolveram desvendar a tal sensação térmica.
Nossa imprensa descobriu a sensação térmica.
Outro dia, na RPC, a garotinha do tempo explicou didaticamente o que é sensação térmica.
Na CBN, o Wille e o colaborador gratuito do Simepar (alô, pessoal do Simepar: não deixem o Joel Malucelli explorar vocês. Exijam pagamento por falarem de graça nas rádios dele) falam o tempo todo em sensação térmica.
E ontem, alta noite, o âncora (ou anzol?) Carlos Kleina, das transmissões esportivas, falou de cátedra sobre sensação térmica com o repórter de sua rádio. Com sua voz de Roberval Taylor, perguntou: "E qual é a sensação térmica em campo, fulano?"
Essa gente vai ficar enchendo nosso picuá até arrumar outro tema.
Aí, quem sabe, será a vez da adrenalina.
Isso mesmo: a adrenalina, por que não?
Já reparou que toda matéria de esporte radical começa com a inevitável palavra adrenalina? O repórter de TV começa sempre gritando: "ADRENALINA!!!!"
Estou ávido à espera de uma matéria decente sobre o que é a adrenalina e para que serve esse nosso hormônio do enfrente ou fuja. Como funcionam as supra-renais e por aí vai.
Daí vai ser bacana ler, ver, ouvir a enxurrada de matérias sobre a adrenalina.
Ah, e tem o spread bancário – pouco explorado -, a velocidade em inércia em acidentes de trânsito, a hipotermia, a ruptura dos deltóides, a...
quarta-feira, 3 de junho de 2009
A diarista
Divagando & Katilografando
Depois de um dia atípico no atendimento do Banco do Brasil, eis que, surge um daqueles finais de expediente, onde, você tem o esperado prazer de ir para casa mais cedo. Nem era horário de verão, o sol ainda brilhava no horizonte, durante o percurso de quinhentos e cinquenta metros feito a pé para a minha casa, idealizei que aproveitaria aquelas quase duas horas de folga para colocar a minha caixa postal em dia; muita coisa havia que ser excluída, outras para serem enviadas e outras tantas para serem lidas.
Como sempre, cheguei a minha casa sem fazer qualquer barulho ou estardalhaço - não sou desconfiado, não tenho e nem me foram dados motivos para isso, é do meu temperamento. Introduzi a chave à fechadura, e vi que a porta não estava trancada – aqui em Curitiba fala-se chaveada – entrei; minha intenção de subir para ligar o computador logo foi sobrestada. Nesse instante percebi que a nossa diarista ainda se encontrava em nossa casa; eu não a conhecia, já fazia mais de seis meses que ela estava nos prestando esse valoroso serviço, todavia, a dona Márcia a conhecia muito bem, gostava dos seus serviços – ela veio para substituir a nossa empregada que, desde que chegamos a Curitiba estava conosco, por motivo de assuntos familiares teve que nos deixar, entretanto essa diarista nos foi, digo, só a dona Márcia foi por ela apresentada.
Para minha surpresa, passei a conhecer a dona Flaurerta ou Flawerta - esse é nome dela, se é assim que se escreve eu não sei; mas é assim que se pronuncia – de uma maneira inteiramente bizarra. Por alguns milésimos de segundos eu pensei que aquela maneira, tal como estava para mim se apresentando, não fosse exatamente uma apresentação, mas, sim, um ritual que, sei lá, por motivos unicamente religiosos; não sei de qual religião ela é (aqui tem de tudo! Talvez fosse uma Menonita) ela estivesse finalizando o seu dia de trabalho com um ritual.
Portanto, em não sendo uma apresentação e sim, um ritual, achei-o bastante estranho. Ela gemia; deitada no chão da cozinha contorcia-se toda, balbuciava algumas palavras até então, para mim, ininteligíveis. Apesar do dia ainda claro a nossa cozinha já estava em penumbra, e ela lá deitada. Dirigi-me à escadaria, ainda no segundo degrau, percebi que entre o que ela balbuciava havia uma pergunta: o senhor é o seu Francisco? Da escada mesmo respondi que sim. Num fio de voz ela retrucou: por Cristo, me ajude! Nesse instante eu pensei: o ritual requer mais de uma pessoa, e eu não entendo nada dessas religiões estrangeiras. Dei meia volta, e fui para a cozinha.
Ao entrar na cozinha, providencialmente liguei a luz. A minha surpresa aumentou. Nunca tinha visto bunda mais branca em toda a minha vida; a saia dela estava acima dos quadris, a sua calcinha não a envergonhava, eu acho, ou pelo menos eu achei que não, todavia, estava quase um fio dental! Os seus braços estavam estendidos para debaixo do fogão; o fogão estava ligado e uma panela de pressão, com o seu chiado denunciavam a máxima pressão, quanta pressão! Naquele instante percebi o quanto aquela senhora estava em apuros. O sangue que lhe faltava na bunda estava todo no seu rosto. Questionar agora se era porque estava se sentindo envergonhada ou, pelo risco grave ao qual a dona Flawerta estava exposta, isso eu não vou questionar.
Que foi que lhe aconteceu dona..? – Respondeu ela: Flawerta, seu Francisco, Flawerta! Continuou ela: Depois que eu terminei a minha tarefa, resolvi colocar a aipim que a Márcia me pediu para que cozinhasse antes de sair. Assim eu fiz – disse ela – depois eu percebi que o fogão estava torto e descentralizado (acho que aí estava muito do preciosismo da alemã), resolvi então ajeitá-lo, e o pé de rodinha acabou se soltando e a panela ameaçou cair; foi então, que eu me deitei para ajeitar o pé do fogão. Ajeitava um, soltava o outro; e a panela a cada movimento ameaçava cair em cima de mim, - disse a dona Flawerta.
Para que não houvesse naquele instante qualquer risco de a panela cair, desliguei o fogão e peguei a panela e coloquei-a no balcão da pia e abaixei-me para auxiliar na recolocação do pezinho do fogão; a dona Flawerta num pulo levantou-se, ajeitou a saia no exato momento em que a minha filha Ingrid entrou e assistiu a cena. Papai, que é que vocês estão fazendo? À perguntou da Ingrid, eu respondi com outra pergunta: você não quer me ajudar? – Naquele instante quem estava com o pepino agora era eu; a dona Flawerta ou Flaurerta já devia estar lá no ponto do ônibus, escafedeu-se!
Tá bom papai vou te ajudar! – Respondeu a Ingrid; mas, vai me explicar direitinho o que acabei de flagrar! Vamos, Ingrid, anda logo me ajude aqui! Ajudar no que papai? No pé do fogão filhinha, ele se soltou. Ingrid observou: papai, o pé do fogão está no lugar de sempre, ele não está fora do lugar! - Ué! Então eu já consegui consertá-lo? Ele estava totalmente fora e ameaçava cair o fogão com a panela aí em cima. Ingrid retrucou: papai não tem panela alguma em cima do fogão! Tem sim, uma no balcão da pia! Vamos papai, estou esperando que o senhor me explique por que estás deitado aí no pé do fogão e a dona Flawerta ajeitava a calcinha e baixava a saia no momento em que entrei aqui em casa?
É verdade, tem coisas que, por mais que procuremos dar explicações mais acabamos por nos enrolarmos. Para a dona Márcia tudo, tudinho mesmo, ficou bastante esclarecido. Mas, a menina Ingrid, mesmo tendo se passado dois anos, - hoje ela tem quinze anos – ela ainda não aceitou as minhas explicações. Como diz o meu querido amigo e colega do Banco do Brasil, o Eiras, gerente da Agência Água Verde aqui em Curitiba: “Chico meu amigo velho, ISSO É BATOM NA CUECA MESMO!”
Francisco Silva Filho – Curitiba-PR
Depois de um dia atípico no atendimento do Banco do Brasil, eis que, surge um daqueles finais de expediente, onde, você tem o esperado prazer de ir para casa mais cedo. Nem era horário de verão, o sol ainda brilhava no horizonte, durante o percurso de quinhentos e cinquenta metros feito a pé para a minha casa, idealizei que aproveitaria aquelas quase duas horas de folga para colocar a minha caixa postal em dia; muita coisa havia que ser excluída, outras para serem enviadas e outras tantas para serem lidas.
Como sempre, cheguei a minha casa sem fazer qualquer barulho ou estardalhaço - não sou desconfiado, não tenho e nem me foram dados motivos para isso, é do meu temperamento. Introduzi a chave à fechadura, e vi que a porta não estava trancada – aqui em Curitiba fala-se chaveada – entrei; minha intenção de subir para ligar o computador logo foi sobrestada. Nesse instante percebi que a nossa diarista ainda se encontrava em nossa casa; eu não a conhecia, já fazia mais de seis meses que ela estava nos prestando esse valoroso serviço, todavia, a dona Márcia a conhecia muito bem, gostava dos seus serviços – ela veio para substituir a nossa empregada que, desde que chegamos a Curitiba estava conosco, por motivo de assuntos familiares teve que nos deixar, entretanto essa diarista nos foi, digo, só a dona Márcia foi por ela apresentada.
Para minha surpresa, passei a conhecer a dona Flaurerta ou Flawerta - esse é nome dela, se é assim que se escreve eu não sei; mas é assim que se pronuncia – de uma maneira inteiramente bizarra. Por alguns milésimos de segundos eu pensei que aquela maneira, tal como estava para mim se apresentando, não fosse exatamente uma apresentação, mas, sim, um ritual que, sei lá, por motivos unicamente religiosos; não sei de qual religião ela é (aqui tem de tudo! Talvez fosse uma Menonita) ela estivesse finalizando o seu dia de trabalho com um ritual.
Portanto, em não sendo uma apresentação e sim, um ritual, achei-o bastante estranho. Ela gemia; deitada no chão da cozinha contorcia-se toda, balbuciava algumas palavras até então, para mim, ininteligíveis. Apesar do dia ainda claro a nossa cozinha já estava em penumbra, e ela lá deitada. Dirigi-me à escadaria, ainda no segundo degrau, percebi que entre o que ela balbuciava havia uma pergunta: o senhor é o seu Francisco? Da escada mesmo respondi que sim. Num fio de voz ela retrucou: por Cristo, me ajude! Nesse instante eu pensei: o ritual requer mais de uma pessoa, e eu não entendo nada dessas religiões estrangeiras. Dei meia volta, e fui para a cozinha.
Ao entrar na cozinha, providencialmente liguei a luz. A minha surpresa aumentou. Nunca tinha visto bunda mais branca em toda a minha vida; a saia dela estava acima dos quadris, a sua calcinha não a envergonhava, eu acho, ou pelo menos eu achei que não, todavia, estava quase um fio dental! Os seus braços estavam estendidos para debaixo do fogão; o fogão estava ligado e uma panela de pressão, com o seu chiado denunciavam a máxima pressão, quanta pressão! Naquele instante percebi o quanto aquela senhora estava em apuros. O sangue que lhe faltava na bunda estava todo no seu rosto. Questionar agora se era porque estava se sentindo envergonhada ou, pelo risco grave ao qual a dona Flawerta estava exposta, isso eu não vou questionar.
Que foi que lhe aconteceu dona..? – Respondeu ela: Flawerta, seu Francisco, Flawerta! Continuou ela: Depois que eu terminei a minha tarefa, resolvi colocar a aipim que a Márcia me pediu para que cozinhasse antes de sair. Assim eu fiz – disse ela – depois eu percebi que o fogão estava torto e descentralizado (acho que aí estava muito do preciosismo da alemã), resolvi então ajeitá-lo, e o pé de rodinha acabou se soltando e a panela ameaçou cair; foi então, que eu me deitei para ajeitar o pé do fogão. Ajeitava um, soltava o outro; e a panela a cada movimento ameaçava cair em cima de mim, - disse a dona Flawerta.
Para que não houvesse naquele instante qualquer risco de a panela cair, desliguei o fogão e peguei a panela e coloquei-a no balcão da pia e abaixei-me para auxiliar na recolocação do pezinho do fogão; a dona Flawerta num pulo levantou-se, ajeitou a saia no exato momento em que a minha filha Ingrid entrou e assistiu a cena. Papai, que é que vocês estão fazendo? À perguntou da Ingrid, eu respondi com outra pergunta: você não quer me ajudar? – Naquele instante quem estava com o pepino agora era eu; a dona Flawerta ou Flaurerta já devia estar lá no ponto do ônibus, escafedeu-se!
Tá bom papai vou te ajudar! – Respondeu a Ingrid; mas, vai me explicar direitinho o que acabei de flagrar! Vamos, Ingrid, anda logo me ajude aqui! Ajudar no que papai? No pé do fogão filhinha, ele se soltou. Ingrid observou: papai, o pé do fogão está no lugar de sempre, ele não está fora do lugar! - Ué! Então eu já consegui consertá-lo? Ele estava totalmente fora e ameaçava cair o fogão com a panela aí em cima. Ingrid retrucou: papai não tem panela alguma em cima do fogão! Tem sim, uma no balcão da pia! Vamos papai, estou esperando que o senhor me explique por que estás deitado aí no pé do fogão e a dona Flawerta ajeitava a calcinha e baixava a saia no momento em que entrei aqui em casa?
É verdade, tem coisas que, por mais que procuremos dar explicações mais acabamos por nos enrolarmos. Para a dona Márcia tudo, tudinho mesmo, ficou bastante esclarecido. Mas, a menina Ingrid, mesmo tendo se passado dois anos, - hoje ela tem quinze anos – ela ainda não aceitou as minhas explicações. Como diz o meu querido amigo e colega do Banco do Brasil, o Eiras, gerente da Agência Água Verde aqui em Curitiba: “Chico meu amigo velho, ISSO É BATOM NA CUECA MESMO!”
Francisco Silva Filho – Curitiba-PR
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