sexta-feira, 26 de agosto de 2011

O guerreiro Giap faz 100 anos

O general Nguyen Vo Giap completou ontem 100 anos de idade. É um dos maiores comendantes militares da história. Quando a região se chamava Indochina, liderou a expulsão dos colonialistas franceses. Na guerra do Vietnã, foi vital seu papel na vitória sobre os EUA. Tenho dele um opúsculo - mimemografado, com a chancela da UNE - em que trata da vitória na Indochina. Giap está muito doente e, parece, não vai longe. Então, que tenha uma morte tranquila esse guerreiro por quem os jovens dos anos 70 torciam de coração.

O texto abaixo e da France Press.

O general Nguyen Vo Giap, herói militar da independência vietnamita e artesão da derrota francesa em Dien Bien Phu, celebrou nesta quinta-feira o centésimo aniversário, num hospital militar de Hanoi, em meio a uma chuva de homenagens, apesar de seu afastamento político.

Considerado um dos mais importantes estrategistas militares da História, infligiu, em 1954, em Dien Bien Phu (noroeste) uma pungente derrota às tropas coloniais francesas, um acontecimento que apressou a fundação de um Vietnã independente e o fim da dominação francesa na Indochina.

Afastado do poder nos últimos 30 anos, este ícone popular é considerado a figura mais emblemática do Vietnã moderno, após seu fundador, Ho Chi Minh.

"É um personagem mítico e heroico para o Vietnã", resume Carl Thayer, historiador australiano.

Nascido em 25 de agosto de 1911 na província central de Quang Binh, Giap não estava destinado a se tornar um soldado. Mas suas táticas inspiraram combatentes do mundo inteiro, durante décadas.

Vindo estudar, depois ensinar História, em Hanói, fugiu para a China no final da década de 1930, encontrando o "Tio Ho", que o encarregou de criar o exército revolucionário 'Viet Minh', no final de 1944.

Seu ódio à potência colonizadora não cessou de crescer, alimentado pela morte da primeira mulher numa prisão francesa.

Após a vitória em Dien Bien Phu, Giap continuou no comando das tropas durante a guerra do Vietnã contra os americanos e seus aliados do Vietnã do Sul, até a tomada da então Saigon, em 30 de abril de 1975.

Mas sua carreira política foi depois cortada pelo número um do regime, Le Duan, tendo sido excluído do birô político do Partido Comunista, em 1982.

Apesar de seu afastamento, foi seu retrato que exibiram os manifestantes nas ruas de Hanoi durante as manifestações das últimas semanas contra a política de Pequim nas águas disputadas do Mar da China meridional.

É o "último heroi legítimo", destacou Thayer. Suas vitórias são o fundamento da retórica nacionalista do poder que "não pôde denegri-lo".

O general não se privou, nos últimos anos, de dar a própria opinião sobre os problemas do país.

Em 2006, escreveu que o Partido Comunista "tornou-se um escudo para dirigentes corruptos". Em 2009, publicou uma carta aberta somando sua voz às críticas a um projeto governamental muito polêmico de exploração de bauxita nos planaltos do centro do país.

Sua família e os mais altos dirigentes vietnamitas visitaram-no na quarta-feira, cumprimentando-o pelos cem anos, no hospital militar 108, onde está sendo tratado há mais de um ano. "Seu quadro de saúde é estável", disse à AFP um de seus filhos, Vo Dien Bien.

"O general Giap e suas contribuições viverão para sempre na história da Nação vietnamita", escreveu na terça-feira a Agência vietnamita de informação (AVI), durante a inauguração de uma exposição de fotos dedicada a ele.

"É uma figura histórica (...). Desejo os melhores votos ao general Giap", declarou por sua vez o senador americano Jim Webb, veterano da guerra do Vietnã, em visita oficial nesta semana.