Retirado de Carta Capital
O ministro Paulo Vannuchi teve o poder de trazer à minha memória uma memorável interpretação de Vittorio Gassman, levava à tela um pugilista sonado em filme de várias décadas atrás. Aturdido por saraivadas de golpes e já aposentado, fixa os olhos no vácuo e repete com voz arrastada: “Sò contento”, estou contente. Ao anunciar a retirada de todos os pontos polêmicos do terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos instituído por decreto em dezembro passado, Vannuchi declarou-se satisfeito porque apenas 21 das ações previstas pelo PNDH3 foram cortadas. Sorridente, acentuou terem sobrado 500. Lembrei-me de Gassman.
O Estadão de quarta 17 não compartilha dos humores do ministro. Fala em “recuo incondicional”, ao considerar que foram implodidas as proposições mais significativas. Não é surpresa para CartaCapital. Há dois meses, ao comentar o Programa, previ neste espaço o retorno ao status quo nos casos destinados a contrariar aquilo que o Estadão chama de sociedade, embora se trate simplesmente de uma minoria infensa a quaisquer mudanças.
A começar pela legalização do aborto, pela retirada de símbolos religiosos dos locais públicos, pela exigência de se ouvirem invasores de terras no cumprimento de decisões judiciais sobre conflitos agrários, pelo reconhecimento da união civil entre homossexuais etc. etc.
Em um ponto, a recueta governista é louvável: cai tudo aquilo que poderia soar limitativo à liberdade de imprensa e de expressão. Escrevi há dois meses: “Causa-me espécie, isto sim, o que diz respeito aos meios de comunicação”. Ou seja: não cabe ao Estado “elaborar o ranking de quem da mídia defende a contento os Direitos Humanos e de quantos não os respeitam”.
Resta um fato: o Programa não nasceu de parto feliz. De saída, já em janeiro passado, surgiu o confronto sobre a Lei da Anistia, “imposta pela ditadura e, portanto, inaceitável por um regime democrático, desde que autêntico e a vigorar em benefício de todos”. Vale recordar algo mais, além de Vittorio Gassman. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, pronto a envergar o uniforme militar de campanha e a propor sua demissão se do texto do Programa não for retirada a referência à repressão política praticada pela ditadura.
Atendido imediatamente pelo próprio presidente da República, de sorte a evitar a mais tênue sensação de que o propósito é punir os torturadores de antanho. Colhemos agora, diante do revés do ministro Vannuchi, a oportunidade de repetir quanto dizíamos em janeiro deste ano: “Estamos é muito atrasados. Tíbios e assustadiços, prisioneiros de inflexões, vezos, temores muito antigos, totalmente passadistas, anacrônicos, às vezes hipócritas e sempre inadequados ao nosso tempo”.
Não é por acaso que alguns algozes da ditadura são hoje nomes de logradouros públicos. O ponto máximo é aquela rua de São Paulo que celebra Sergio Paranhos Fleury, mestre em tortura. Mas temos de ser cautelosos, não é mesmo? E se a milicalha enfurecida decidir partir para mais uma das suas inauditas prepotências com o indispensável aval dos eternos donos do poder? A “sociedade”, diria o Estadão.
Até parece que o risco é plausível, a se levar em conta o triste fim do Programa, a aceitável imitação do pugilista sonado entregue agora ao desempenho do ministro Vannuchi, o tom dos jornais. CartaCapital acredita que um pouco mais de ousadia, de destemor, de peito, se quiserem, ou, por outra, de ponderação, de senso comum, de inteligência, bastaria para levar a bom termo certas questões.
Aqui estamos, contudo, a perder tempo. Muitos que teriam de se indignar, protestar, pressionar, diante da rendição de Vannuchi, incomodaram-se, por exemplo, com o destino de um ex-ladrãozinho de arrabalde e ex-estuprador de uma jovem inválida, enfim assassino de um açougueiro e de um joalheiro em nome da revolução proletária, condenado pela Justiça de um Estado Democrático de Direito. Aludo a um certo Cesare Battisti, tido como herói por quem não ousa defender os interesses do País, em nome de um esquerdismo da fancaria e da monumental ignorância da história contemporânea.
Escreve um impávido leitor que Battisti foi condenado pelo establishment italiano e que CartaCapital porta-se igual à mídia nativa. A qual apresenta Dilma Rousseff como ex-terrorista. Pois a gente se esforça para demonstrar que não há a mais esmaecida, remotíssima semelhança entre Dilma e Battisti. Quanto ao establishment (há muito tempo não lia ou ouvia esta palavra) parece que o douto missivista estaria inclinado a incluir na área Aldo Moro e Enrico Berlinguer.
sábado, 20 de março de 2010
Bom domingo a quem lê esta merda
TEM GATO NA TUBA
(João de Barro / Alberto Ribeiro)
Todo domingo havia banda
No coreto do jardim
E já de longe a gente ouvia
A tuba do Serafim...
Porém um dia entrou um gato
Na tuba do Serafim
E o resultado
Dessa "melódia"
Foi que a tuba tocou assim:
Pum...pum...pum... (miáu)
Pum pu ru rum pum pum... (miáu)
Pum...pum...pum... (miáu)
Pum pu ru rum pum pum...
(João de Barro / Alberto Ribeiro)
Todo domingo havia banda
No coreto do jardim
E já de longe a gente ouvia
A tuba do Serafim...
Porém um dia entrou um gato
Na tuba do Serafim
E o resultado
Dessa "melódia"
Foi que a tuba tocou assim:
Pum...pum...pum... (miáu)
Pum pu ru rum pum pum... (miáu)
Pum...pum...pum... (miáu)
Pum pu ru rum pum pum...
Os jornais etc. têm de publicar boas notícias
Camilla Haddad - O Estadao de S.Paulo
Graças a um telefonema anônimo, o músico Hanry Dawson recuperou anteontem seu violino, que havia sido levado dia 12 por dois travestis durante assalto na Avenida Indianópolis, em Moema, zona sul.
As insistentes chamadas fizeram Hanry interromper o ensaio com uma orquestra sinfônica para atender o celular, na quinta-feira, às 21h. Do outro lado da linha, uma voz masculina avisou: "Estou com seu violino. Vou deixá-lo na segunda praça depois da Rua Itajubá". O local fica nas proximidades do Cemitério do Araçá, na zona oeste.
Ele oferecia recompensa de R$ 300. "Nem foi preciso", segundo Hanry. O homem que telefonou não aceitou o dinheiro. "A pessoa perguntou se era eu mesmo o rapaz do violino e disse que tinha comprado o instrumento por R$ 200 de um travesti. Afirmou que tinha ficado sensibilizado com meu caso", afirma o músico.
Hanry e o sogro deixaram Santo André, onde moram, e vieram à capital recuperar o violino. O sogro do músico pediu para um policial aposentado acompanhar os dois, caso houvesse sinal de perigo ao redor da praça.
"Deu tudo certo. Não tinha ninguém na praça. O violino estava no estojo, intacto junto com dois arcos", conta o jovem de 25 anos. "O violino estava dentro de um saco de lixo." Agora, finalmente, Hanry poderá participar de um teste para integrar uma orquestra da região, com seu próprio instrumento. Dias depois do roubo, um professor do músico ficou sabendo e resolveu emprestar um instrumento para o rapaz poder trabalhar.
Roubo. Na noite do assalto, Hanry tinha acabado de sair da Igreja Nossa Senhora do Brasil, no Jardim Europa. Ele tinha tocado em um casamento. Ele seguiu pela Avenida República do Líbano e pegou a Indianópolis, quando foi parado por dois travestis em um semáforo.
A dupla entrou no carro de Hanry, roubou R$ 30 e o instrumento, avaliado em R$ 20 mil. Além do violino, os travestis carregaram dois arcos alemães, orçados em R$ 7 mil cada.
À 1 hora de anteontem, a voz masculina ligou novamente. "Só queria saber se estava faltando algo." E desligou.
Graças a um telefonema anônimo, o músico Hanry Dawson recuperou anteontem seu violino, que havia sido levado dia 12 por dois travestis durante assalto na Avenida Indianópolis, em Moema, zona sul.
As insistentes chamadas fizeram Hanry interromper o ensaio com uma orquestra sinfônica para atender o celular, na quinta-feira, às 21h. Do outro lado da linha, uma voz masculina avisou: "Estou com seu violino. Vou deixá-lo na segunda praça depois da Rua Itajubá". O local fica nas proximidades do Cemitério do Araçá, na zona oeste.
Ele oferecia recompensa de R$ 300. "Nem foi preciso", segundo Hanry. O homem que telefonou não aceitou o dinheiro. "A pessoa perguntou se era eu mesmo o rapaz do violino e disse que tinha comprado o instrumento por R$ 200 de um travesti. Afirmou que tinha ficado sensibilizado com meu caso", afirma o músico.
Hanry e o sogro deixaram Santo André, onde moram, e vieram à capital recuperar o violino. O sogro do músico pediu para um policial aposentado acompanhar os dois, caso houvesse sinal de perigo ao redor da praça.
"Deu tudo certo. Não tinha ninguém na praça. O violino estava no estojo, intacto junto com dois arcos", conta o jovem de 25 anos. "O violino estava dentro de um saco de lixo." Agora, finalmente, Hanry poderá participar de um teste para integrar uma orquestra da região, com seu próprio instrumento. Dias depois do roubo, um professor do músico ficou sabendo e resolveu emprestar um instrumento para o rapaz poder trabalhar.
Roubo. Na noite do assalto, Hanry tinha acabado de sair da Igreja Nossa Senhora do Brasil, no Jardim Europa. Ele tinha tocado em um casamento. Ele seguiu pela Avenida República do Líbano e pegou a Indianópolis, quando foi parado por dois travestis em um semáforo.
A dupla entrou no carro de Hanry, roubou R$ 30 e o instrumento, avaliado em R$ 20 mil. Além do violino, os travestis carregaram dois arcos alemães, orçados em R$ 7 mil cada.
À 1 hora de anteontem, a voz masculina ligou novamente. "Só queria saber se estava faltando algo." E desligou.
sexta-feira, 19 de março de 2010
Mais Poemeu
A idéia é o leitor pontuar com vírgula ou ponto.
Experimente.
Encontre a vírgula e o ponto, à sua vontade.
Mude à sua vontade.
Vira mantra.
Se é bom, não sei.
Responda.
Inté.
Experimente.
Encontre a vírgula e o ponto, à sua vontade.
Mude à sua vontade.
Vira mantra.
Se é bom, não sei.
Responda.
Inté.
Poemeu
Um quase plágio de Jamil, o Snege. Idem de Joe Fante
Meu pai
Castigas-me
Quando eu bebo
Devolves-me cruel ressaca
Quando eu rezo
Machucas
Meus podres joelhos de velho
Quando eu o contemplo ao sol
Cegas-me
Eu mercador perdido no deserto
Imploro
Abandonas-me
Quando me deito com mulheres
Cobres-me de arrependimento
Mas
Quando acordo só
E me lavo
Casto como um anjo
Recebo choques no estômago e na cabeça
E tenho de correr à humilhação de me comover
Esvaziar-me
O que há?
Perdeste o controle?
Quem manda no mundo?
Quem é o chefe, afinal?
Não mereço, meu mestre
Tamanho castigo
Depois eu volto
Olhos regados
E vejo o mundo
Senhor
Existimos
Meu pai
Castigas-me
Quando eu bebo
Devolves-me cruel ressaca
Quando eu rezo
Machucas
Meus podres joelhos de velho
Quando eu o contemplo ao sol
Cegas-me
Eu mercador perdido no deserto
Imploro
Abandonas-me
Quando me deito com mulheres
Cobres-me de arrependimento
Mas
Quando acordo só
E me lavo
Casto como um anjo
Recebo choques no estômago e na cabeça
E tenho de correr à humilhação de me comover
Esvaziar-me
O que há?
Perdeste o controle?
Quem manda no mundo?
Quem é o chefe, afinal?
Não mereço, meu mestre
Tamanho castigo
Depois eu volto
Olhos regados
E vejo o mundo
Senhor
Existimos
A Casa do Povo
Há alguns anos, conheci num bar (claro que não foi na IURD) um simpático casal, apresentado a muá pelo meu primo Geraldo, amigo do tal casal. Ela, professora de direito; ele, engenheiro civil.
Lá pelas tantas, nem sei por quê, comentamos aquele famoso incêndio da Assembleia do Paraná, graças ao qual foram destruídos milhares de documentos.
Então o engenheiro me disse, aqui parafraseado: trabalhava lá e corri de casa (foi à noite) para ajudar, tentar salvar aquele espaço que ardia. A porta estava trancada com gigantesco cadeado, grossas correntes. Não houve tempo para os bombeiros arrombarem a dita porta (ou portão) para tentarem salvar o acervo que ardia. O incêndio havia sido criminoso.
Pedi-lhe que assumisse o depoimento. Ele, por motivos pessoais e profissionais, disse-me que nada diria, nem confirmaria.
--
O presidente da Assembleia era Anibal Cury; o chefão, digo, chefinho, seu protegido Bibinho.
Houve investigação em torno da possibilidade de o incêndio ter sido criminoso.
Deu em nada.
Não digo que deu em nada por que os dois mandavam na Assembleia, pois não quero ser processado.
Digo deu em nada porque deu em nada.
--
O que mais assusta esta gente (?) é que a Gazeta do Povo e o velho Canal 12, hoje RPC, - jornal e rede de TV sempre amigos do poder nos tempos do dr. Chico Beleza - vez em quando resolvem gastar uma bela grana e fazer jornalismo.
Vejo gente estupefata: "Mas como podem fazer isso? Mas que sacanagem. Eles também tiveram rabo preso."
Tiveram, espero, com maiúsculas.
Os que tinham já se foram, oro.
Pois o rabo soltou-se e os ótimos profissionais do grupo estão mostrando as garras de jornalismo decente, o mínimo que se espera do jornalismo decente.
A equipe é valente e assina as reportagens (são profissionais da TV e do jornal).
Certamente esse brava gente (!!) receberá telefonemas, será seguida, seus chefes serão pressionados; seus patrões, mais ainda.
--
Pessoal, conselho de um velho lobo do mar que os saúda: nada de botecos, de baladas, de motéis. Do trabalho pra casa, de casa pro trabalho; peçam para os parentes pegarem os filhos na escola. Medo, não; cautela. Um baseado plantado no porta-luvas pode encher o saco.
Já fui grampeado e já recebi avisos. Sei do que escrevo.
--
Considero-me amigo de James Alberti (cito-o escancaradamente porque assina a reportagem junto com os demais, que não conheço pessoalmente), hoje produtor (em linguagem de TV, é o repórter que não aparece no vídeo, mas prepara a jogada para a estrela da telinha). Tenho orgulho de tê-lo puxado - eu e Luís Lomba - para a equipe de reportagem da Folha do Paraná.
Na época - final dos 90 -, ele e Dimitri do Valle (os dois catarinas de fibra, como todos os catarinas), mais Albari Rosa (fotógrafo, hoje autor das fotos desta série), encheram o saco para publicar umas seis páginas sobre a comunidade do Rasgadinho, vítima de grilagem na região de Guaratuba. Ganharam duas, que me lembre, mas fizeram um estrago daqueles.
James Alberti (sem falar no Dimitri e no grande fotógrafo Albari Rosa) dignifica a profissão.
A ele e a seus companheiros, mais chefes de reportagem, editores do jornal e da TV (um beijo e um OSS à Sandra Salvadori) e até a Sandy e Júnior, minha doce inveja.
--
Nós, o povo, temos várias casas.
São nossas, uma extensão das em que vivemos, pois são elas que conformam o Estado que criamos para nos proteger e nos garantir segurança e justiça.
Se o Estado não se comporta como o que desenhamos e sustentamos, que seja desconstruído - sem ser derrubado, pelo menos por ora - para que volte a nos servir.
Integram-no também , obviamente, o Executivo, o Judiciário - os tais Poderes -, assim como se fosse uma nada santíssima trindade, na qual quem deve mandar e quem deve dirigir é o povo, sempre.
--
Que nossos demais veículos prestem atenção também no Executivo e no Judiciário.
--
Não há jornalismo que não seja investigativo, como dizia meu amigo Francisco Camargo.
--
O episódio, enfim, é emblemático: há algo de podre, etc. (Shakespeare).
--
Minhas homenagens ao velho Estadão, que escancarou os fantasmas da Assembleia (anos 70, e nada mudou) e, depois, do Tribunal de Contas.
O mesmo Estadão que contou a história dos superfuncionários do governo central.
Rendo meus encômios a quem mexe com o Coritiba e o Atlético, com a Polícia Civil, com a licitação malandra, com a inação do Ministério Público, com a ONG que só toma dinheiro, com a passagem do ônibus, com o preço do ingresso no teatro, com a roubalheira do supermercado que vende comida podre, com o vereador cachaceiro do álcool gel que não paga seus jornalistas.
--
De rabo a cabo.
--
O rei Luiz XIV disse Letásemuá.
Eu respondo: o Estado sou eu, cidadão, citoiã; o Estado somos nós.
--
ESTA CASA - como as outras -, CAMBADA, É NOSSA.
Lá pelas tantas, nem sei por quê, comentamos aquele famoso incêndio da Assembleia do Paraná, graças ao qual foram destruídos milhares de documentos.
Então o engenheiro me disse, aqui parafraseado: trabalhava lá e corri de casa (foi à noite) para ajudar, tentar salvar aquele espaço que ardia. A porta estava trancada com gigantesco cadeado, grossas correntes. Não houve tempo para os bombeiros arrombarem a dita porta (ou portão) para tentarem salvar o acervo que ardia. O incêndio havia sido criminoso.
Pedi-lhe que assumisse o depoimento. Ele, por motivos pessoais e profissionais, disse-me que nada diria, nem confirmaria.
--
O presidente da Assembleia era Anibal Cury; o chefão, digo, chefinho, seu protegido Bibinho.
Houve investigação em torno da possibilidade de o incêndio ter sido criminoso.
Deu em nada.
Não digo que deu em nada por que os dois mandavam na Assembleia, pois não quero ser processado.
Digo deu em nada porque deu em nada.
--
O que mais assusta esta gente (?) é que a Gazeta do Povo e o velho Canal 12, hoje RPC, - jornal e rede de TV sempre amigos do poder nos tempos do dr. Chico Beleza - vez em quando resolvem gastar uma bela grana e fazer jornalismo.
Vejo gente estupefata: "Mas como podem fazer isso? Mas que sacanagem. Eles também tiveram rabo preso."
Tiveram, espero, com maiúsculas.
Os que tinham já se foram, oro.
Pois o rabo soltou-se e os ótimos profissionais do grupo estão mostrando as garras de jornalismo decente, o mínimo que se espera do jornalismo decente.
A equipe é valente e assina as reportagens (são profissionais da TV e do jornal).
Certamente esse brava gente (!!) receberá telefonemas, será seguida, seus chefes serão pressionados; seus patrões, mais ainda.
--
Pessoal, conselho de um velho lobo do mar que os saúda: nada de botecos, de baladas, de motéis. Do trabalho pra casa, de casa pro trabalho; peçam para os parentes pegarem os filhos na escola. Medo, não; cautela. Um baseado plantado no porta-luvas pode encher o saco.
Já fui grampeado e já recebi avisos. Sei do que escrevo.
--
Considero-me amigo de James Alberti (cito-o escancaradamente porque assina a reportagem junto com os demais, que não conheço pessoalmente), hoje produtor (em linguagem de TV, é o repórter que não aparece no vídeo, mas prepara a jogada para a estrela da telinha). Tenho orgulho de tê-lo puxado - eu e Luís Lomba - para a equipe de reportagem da Folha do Paraná.
Na época - final dos 90 -, ele e Dimitri do Valle (os dois catarinas de fibra, como todos os catarinas), mais Albari Rosa (fotógrafo, hoje autor das fotos desta série), encheram o saco para publicar umas seis páginas sobre a comunidade do Rasgadinho, vítima de grilagem na região de Guaratuba. Ganharam duas, que me lembre, mas fizeram um estrago daqueles.
James Alberti (sem falar no Dimitri e no grande fotógrafo Albari Rosa) dignifica a profissão.
A ele e a seus companheiros, mais chefes de reportagem, editores do jornal e da TV (um beijo e um OSS à Sandra Salvadori) e até a Sandy e Júnior, minha doce inveja.
--
Nós, o povo, temos várias casas.
São nossas, uma extensão das em que vivemos, pois são elas que conformam o Estado que criamos para nos proteger e nos garantir segurança e justiça.
Se o Estado não se comporta como o que desenhamos e sustentamos, que seja desconstruído - sem ser derrubado, pelo menos por ora - para que volte a nos servir.
Integram-no também , obviamente, o Executivo, o Judiciário - os tais Poderes -, assim como se fosse uma nada santíssima trindade, na qual quem deve mandar e quem deve dirigir é o povo, sempre.
--
Que nossos demais veículos prestem atenção também no Executivo e no Judiciário.
--
Não há jornalismo que não seja investigativo, como dizia meu amigo Francisco Camargo.
--
O episódio, enfim, é emblemático: há algo de podre, etc. (Shakespeare).
--
Minhas homenagens ao velho Estadão, que escancarou os fantasmas da Assembleia (anos 70, e nada mudou) e, depois, do Tribunal de Contas.
O mesmo Estadão que contou a história dos superfuncionários do governo central.
Rendo meus encômios a quem mexe com o Coritiba e o Atlético, com a Polícia Civil, com a licitação malandra, com a inação do Ministério Público, com a ONG que só toma dinheiro, com a passagem do ônibus, com o preço do ingresso no teatro, com a roubalheira do supermercado que vende comida podre, com o vereador cachaceiro do álcool gel que não paga seus jornalistas.
--
De rabo a cabo.
--
O rei Luiz XIV disse Letásemuá.
Eu respondo: o Estado sou eu, cidadão, citoiã; o Estado somos nós.
--
ESTA CASA - como as outras -, CAMBADA, É NOSSA.
Assinar:
Postagens (Atom)