Há alguns anos, conheci num bar (claro que não foi na IURD) um simpático casal, apresentado a muá pelo meu primo Geraldo, amigo do tal casal. Ela, professora de direito; ele, engenheiro civil.
Lá pelas tantas, nem sei por quê, comentamos aquele famoso incêndio da Assembleia do Paraná, graças ao qual foram destruídos milhares de documentos.
Então o engenheiro me disse, aqui parafraseado: trabalhava lá e corri de casa (foi à noite) para ajudar, tentar salvar aquele espaço que ardia. A porta estava trancada com gigantesco cadeado, grossas correntes. Não houve tempo para os bombeiros arrombarem a dita porta (ou portão) para tentarem salvar o acervo que ardia. O incêndio havia sido criminoso.
Pedi-lhe que assumisse o depoimento. Ele, por motivos pessoais e profissionais, disse-me que nada diria, nem confirmaria.
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O presidente da Assembleia era Anibal Cury; o chefão, digo, chefinho, seu protegido Bibinho.
Houve investigação em torno da possibilidade de o incêndio ter sido criminoso.
Deu em nada.
Não digo que deu em nada por que os dois mandavam na Assembleia, pois não quero ser processado.
Digo deu em nada porque deu em nada.
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O que mais assusta esta gente (?) é que a Gazeta do Povo e o velho Canal 12, hoje RPC, - jornal e rede de TV sempre amigos do poder nos tempos do dr. Chico Beleza - vez em quando resolvem gastar uma bela grana e fazer jornalismo.
Vejo gente estupefata: "Mas como podem fazer isso? Mas que sacanagem. Eles também tiveram rabo preso."
Tiveram, espero, com maiúsculas.
Os que tinham já se foram, oro.
Pois o rabo soltou-se e os ótimos profissionais do grupo estão mostrando as garras de jornalismo decente, o mínimo que se espera do jornalismo decente.
A equipe é valente e assina as reportagens (são profissionais da TV e do jornal).
Certamente esse brava gente (!!) receberá telefonemas, será seguida, seus chefes serão pressionados; seus patrões, mais ainda.
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Pessoal, conselho de um velho lobo do mar que os saúda: nada de botecos, de baladas, de motéis. Do trabalho pra casa, de casa pro trabalho; peçam para os parentes pegarem os filhos na escola. Medo, não; cautela. Um baseado plantado no porta-luvas pode encher o saco.
Já fui grampeado e já recebi avisos. Sei do que escrevo.
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Considero-me amigo de James Alberti (cito-o escancaradamente porque assina a reportagem junto com os demais, que não conheço pessoalmente), hoje produtor (em linguagem de TV, é o repórter que não aparece no vídeo, mas prepara a jogada para a estrela da telinha). Tenho orgulho de tê-lo puxado - eu e Luís Lomba - para a equipe de reportagem da Folha do Paraná.
Na época - final dos 90 -, ele e Dimitri do Valle (os dois catarinas de fibra, como todos os catarinas), mais Albari Rosa (fotógrafo, hoje autor das fotos desta série), encheram o saco para publicar umas seis páginas sobre a comunidade do Rasgadinho, vítima de grilagem na região de Guaratuba. Ganharam duas, que me lembre, mas fizeram um estrago daqueles.
James Alberti (sem falar no Dimitri e no grande fotógrafo Albari Rosa) dignifica a profissão.
A ele e a seus companheiros, mais chefes de reportagem, editores do jornal e da TV (um beijo e um OSS à Sandra Salvadori) e até a Sandy e Júnior, minha doce inveja.
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Nós, o povo, temos várias casas.
São nossas, uma extensão das em que vivemos, pois são elas que conformam o Estado que criamos para nos proteger e nos garantir segurança e justiça.
Se o Estado não se comporta como o que desenhamos e sustentamos, que seja desconstruído - sem ser derrubado, pelo menos por ora - para que volte a nos servir.
Integram-no também , obviamente, o Executivo, o Judiciário - os tais Poderes -, assim como se fosse uma nada santíssima trindade, na qual quem deve mandar e quem deve dirigir é o povo, sempre.
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Que nossos demais veículos prestem atenção também no Executivo e no Judiciário.
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Não há jornalismo que não seja investigativo, como dizia meu amigo Francisco Camargo.
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O episódio, enfim, é emblemático: há algo de podre, etc. (Shakespeare).
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Minhas homenagens ao velho Estadão, que escancarou os fantasmas da Assembleia (anos 70, e nada mudou) e, depois, do Tribunal de Contas.
O mesmo Estadão que contou a história dos superfuncionários do governo central.
Rendo meus encômios a quem mexe com o Coritiba e o Atlético, com a Polícia Civil, com a licitação malandra, com a inação do Ministério Público, com a ONG que só toma dinheiro, com a passagem do ônibus, com o preço do ingresso no teatro, com a roubalheira do supermercado que vende comida podre, com o vereador cachaceiro do álcool gel que não paga seus jornalistas.
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De rabo a cabo.
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O rei Luiz XIV disse Letásemuá.
Eu respondo: o Estado sou eu, cidadão, citoiã; o Estado somos nós.
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ESTA CASA - como as outras -, CAMBADA, É NOSSA.
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