sábado, 14 de janeiro de 2012
Trecho de entrevista de Lawrence Krauss, no JB
Considero presunçoso se dizer ateísta, pois não posso garantir que o universo não foi criado com um objetivo, apesar de não haver nenhuma evidência disso. Mas posso dizer que não gostaria de viver em um universo onde existe um Deus, um universo onde eu não passaria de um cordeiro, sem controle sobre a minha existência. Um universo no qual, no caso de algumas religiões, se você faz algo errado, você fica condenado pela eternidade. É um conceito ridículo e horrível. Prefiro viver em um universo onde eu conquisto um significado para a minha vida e uso minha cabeça para agir, em vez de ser mandado por um Deus que, por vezes, é muito vingativo.
A quem de direito
Mudou o blogger e eu não aprendi.
O texto que está abaixo é de autoria do médico Drauzio Varela e foi retirado da Folha. Não consegui inserir o crédito na publicação do artigo dele. Peço desculpas.
Se alguém lê esta merda, por favor, me ajude, pelo e-mail jorgeeduardofm@gmail.com
É isso.
Inté.
Pra ressaca, pré-infarto e tal
Em 1763, o reverendo inglês Edward Stone descreveu os efeitos medicinais da casca do salgueiro no alívio dos sintomas da malária.
Foi o primeiro ensaio clínico da história da medicina, passo essencial para o desenvolvimento da aspirina, remédio conhecido há milhares de anos, como descobriria seu conterrâneo, Edwin Smith, passeando pelas ruas de Luxor, em 1862.
Nesse passeio, Smith, especialista em Egito Antigo, atravessava um mercado de rua quando encontrou uma banca com papiros à venda. Um deles, de autoria desconhecida, descrevia em 110 páginas a prática da medicina no tempo dos faraós. Custou 12,2 libras.
Batizado como Papiro de Ebers, esse livro-texto escrito em 1534 antes de Cristo é considerado o documento mais completo da medicina egípcia. Descreve diversas condições médicas e cerca de 700 preparações de ervas medicinais.
Entre elas, um tônico obtido a partir da casca de uma árvore que crescia na maior parte do mundo pré-histórico: "salix" ou "tjeret", conhecida entre nós como salgueiro.
O tônico da "salix" era uma panaceia receitada especialmente para aliviar dores nas juntas e em outras partes do corpo.
A partir dos anos 200 d.C., por meio do comércio e das expedições militares, seu uso se espalhou pelo mundo civilizado.
Essa trajetória levou-o até o reverendo Stone, que teve a ideia do referido estudo depois de testar seu efeito no controle das dores articulares que o afligiam.
A prosperidade econômica e as inovações tecnológicas do início do século 19 deram origem à competição para sintetizar o princípio ativo presente no salgueiro.
Em extratos da casca, pesquisadores alemães, franceses e italianos conseguiram refinar cristais amarelos dotados de atividade e aprimorar seu processo de extração, de tal forma que ao redor de 1850 tornou-se popular o uso de medicações com os nomes de salicilina, ácido salicílico e salicilato de sódio para tratamento de dores, febre e inflamações.
Como a irritação gástrica causada por essas preparações impuras limitava seu uso, o desafio passou a ser a síntese química de um derivado que não fosse tão tóxico para o estômago humano.
Esse processo de desenvolvimento ganhou ímpeto com os trabalhos de Hermann Kolbe, da Universidade de Marburg, em 1859.
Até então, as descobertas nesse campo aconteciam em laboratórios pequenos, uma vez que a colaboração entre ciência, medicina e companhias farmacêuticas só surgiu quando Friedrich Bayer e Johann Weskott fundaram a Friedrich Bayer & Company.
Em 1894, Felix Hoffmann, um jovem químico que se juntou à Bayer com o encargo de modificar a estrutura do acido salicílico, conseguiu sintetizar o ácido acetilsalicílico, finalmente registrado com o nome de aspirina no dia 1 de fevereiro de 1899.
Cinco anos mais tarde, a aspirina já estava disponível na forma de comprimidos. No mundo, são produzidas 40 mil toneladas de ácido acetilsalicílico por ano, droga sobre a qual já foram publicados mais de 26 mil trabalhos científicos.
Embora aceito universalmente como antitérmico e anti-inflamatório, seu mecanismo de ação só se tornou conhecido a partir dos anos 1970, época em que foi identificada outra de suas propriedades: a de inibir a agregação das plaquetas.
Graças a essa atividade surpreendente, passou a ser indicado na prevenção de doenças cardiovasculares. Dezenas de ensaios com milhares de pacientes comprovaram que administrar doses baixas de ácido acetilsalicílico depois de um derrame cerebral ou ataque cardíaco reduz o risco de um segundo episódio (prevenção secundária).
Já a administração para evitar doenças cardiovasculares em pessoas saudáveis (prevenção primária) apresenta resultados incertos, devendo ser decidida de acordo com a análise dos benefícios preventivos e dos riscos de sangramento associados à droga.
Agora, o que todos devem saber: 162 a 325 mg de ácido acetilsalicílico administrados nas primeiras 24 horas depois de um infarto do miocárdio reduzem pela metade o risco de morte ou de ocorrer um segundo infarto.
Em caso de não haver médico por perto de alguém com dor sugestiva de ataque cardíaco, não esqueça: 2 a 3 comprimidos de 100 mg de ácido acetilsalicílico. Mal não fará.
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