sábado, 29 de agosto de 2009

Gustavo Fruet

A nota que segue é do blog do Zé Beto
Eu comentei pra ele.
Segue o que eu perco e acho.
A fachada do Gustavo Fruet
29 ago 2009 - 08:36
O deputado federal Gustavo Fruet (PSDB) resolveu atender ao apelo da jornalista Ruth Bolognese que, nesta semana, no telejornal matutino da Rede Massa recomendou que ele desse um trato na fachada por conta da candidatura ao Senado. Guga disse que saiu desesperadamente atrás de uma loja da Ducal para comprar pelo menos um terno. Não achou a loja. Portanto, vai continuar se apresentando do mesmo jeito.
Postado em 29 agosto
----
Agora eu

Brincadeiras à parte:
Os seres humanos não precisam vestir-se como mendigos nem como marajás de Ranchipur para se notabilizarem.
Gustavo Fruet é o mais qualificado político do Paraná de muito tempo para cá. Desnecessário enumerar suas qualidades, mas que se ressalte uma só: exerce seu papel político no estado de arte, com moral, o que explica tudo. Maurício, Ivete e o imortal Gramsci sabem disso.
Talvez nunca chegue ao governo do nosso Estado, pois o nosso estado talvez não o mereça. O povo ainda não sabe votar.
Tivéssemos uns trinta ou, melhor, trinta mil Gustavos, teríamos um País muito melhor.
Tivessem os quase ou os que-bom-seria-ser Gustavo gente ao seu lado como Lorena Klenk, seríamos muito melhores.
Gustavo nada me deve e nem eu a ele.
Lorena Klenk talvez seja até melhor que o Gustavo.
Devo muito à Lorena.
Só quero dizer em bom português.
Gente boa trabalha com gente boa.
Isso é para dizer que Gustavo (e Ivete et coetera) terá meu voto inteligente forévis.
E que Lorena is in my sky forévis (desculpa professor Hélcio).
Os polos (não tem mais acento em pólo, é isso?) do bem se atraem.
Gustavo Fruet - a quem nada devo, repito - é o que há de bom em nossa lama. E Lorena é o que há do bem (desculpe de novo, Hélcio, mas é paixão pessoal e profissional, não sexual, e ela sabe disso).
Diz-me com quem andas.
Meu voto é raro e caro.
Gustavo significa, no bárbaro (para os romanos de antanho) bravo bastão de combate.
Meu filho - não por causa dele, obviamente, porque já está ficando coroa - se chama Gustavo.
Como dizia Henfil, em resumo, valeu e sempre valerá a intenção da semente.
Sorte ao Gustavo e a todos nós.
Gustavo e Lorena forévis.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Os romeiros e Nova Trento

Divagando & Katilografando

A minha fé cristã enquanto católico atualmente é por assim dizer, meia-pedra e meio-tijolo. Confesso que já fui muito carola; não havia um domingo em que eu não me fazia presente na missa das sete horas da manhã na Igrejinha das Graças na Rua Otávio Santos, participava do grupo de jovens, sempre presente nos retiros e, quando possível, eu arranjava um jeito de me empoleirar em cima de um caminhão daqueles que faz anualmente as romarias para Bom Jesus da Lapa, e lá estava eu também como todos que iam à Lapa para receber as bênçãos do Nosso Senhor Bom Jesus da Lapa – para mim, em verdade, dado à minha juventude naquela época eu estava mesmo era procurando folia e turismo barato.
Ontem, 23 de agosto, convencido e vencido aos apelos da patroa, fui eu e minha família em uma excursão da nossa Paróquia de Nossa Senhora do Carmo à cidade de Nova Trento em Santa Catarina; foi um dia de domingo dedicado a mais de 600 kilômetros de viagem para o percurso de ida e volta. Quando chegamos à terra da Madre Paulina, hoje, Santa Paulina, muitos eram os ônibus que, assim como o nosso, estava cheio de excursionistas à Nova Trento. Para minha surpresa, e com mudança de conceito, pois, sempre tive em mente que romeiros eram aquelas pessoas simples e que faziam uso de caminhões “pau de araras” e com vestes, na minha maneira de ver, ridículas. Pois bem, lá em terras da Santa Paulina, como disse antes, ante a minha surpresa eu fui classificado de “romeiro”; eu, um romeiro?
Pelo visto, não é só a minha fé que está precisando de uma remodelagem completa, também, os meus conceitos sobre os termos e terminologias religiosas e tudo que envolvam a fé cristã. Na verdade, quando eu aceitei fazer tal viagem, eu buscava ver o quanto o povo católico está verdadeiramente voltado às coisas da espiritualidade, e se não estão em verdade querendo ofuscar a (s) outra (s) fé; todavia, não foi o que eu pude perceber. O povo verdadeiramente católico é tão ou quase xiita quanto o xiita de qualquer outra religião; não estão preocupados com os avanços dessa ou daquela religião e muito menos com a perda natural de alguns fiéis para outras agremiações religiosas; se há perda de fiéis, é porque eles não estão voltados verdadeiramente para as coisas e conceitos imutáveis do Altíssimo.

Não dê esmolas! Avise...

No meio daquele povão (romeiros), eu me sentia meio que aquele personagem do filme “Um convidado muito especial” estrelado pelo indiano Peter Sellers; não me achava de modo algum, nem mesmo quando estava sozinho. Muitas são opções de se gastar naquele lugar; dos artigos de apelos religiosos, assim como, os mais diversos artigos do tipo malharia, lãs, confecções, queijos, bebidas, licores e o especial vinho da colônia italiana e uma excelente cozinha regional. Afinal, em lugar como esse tem de tudo; tem até placa informativa assim como educativa, onde, advertia aos turistas, digo, “romeiros” – não me acostumei com o termo, parece-me depreciativo – sobre ser proibido dar esmolas. Aliás, sobre esse assunto, há uma placa dessa natureza pregada nas paredes laterais da Igreja que fica no meio do comércio daquela vila - essa Vila, onde fica o Santuário de Santa Paulina fica distante do centro de Nova Trento – onde, dizia a placa: “Não dê esmolas; comunique a Ação Social Comunitária caso apareça algum pedinte”.
Ter visto uma placa educativa e tão incisiva quanto aquela me deixou com certo alívio, afinal, em Bom Jesus da Lapa em tempos de romaria extrapola todos os limites, até mesmo do imponderado. Num daqueles momentos em que resolvi ficar só para deixar mais a vontade a patroa e nossos filhos, procurei um banco na pracinha ao lado da igreja, aquela mesma igreja que tem nos dois lados a placa tranquilizadora de que não seremos importunados por pedintes; e o que eu vejo? Vi um cidadão de média idade sentado ao chão sobre um couro de carneiro com os braços apoiados no separador das hastes das muletas em sua parte inferior. Era um cidadão de aparente obesidade que lhe faltava o pé direito e o seu pé esquerdo não tinha dedos, todavia, o pé era bipartido – acredito que ele seja mais uma das vítimas da talidomida. Fiquei a observá-lo por longo período, mas, nem sempre com atenção exclusivamente voltada para ele. Da placa de advertência tanto quanto educativa, embora estivesse em letras garrafais ali à minha frente, eu logo a esqueci. Comecei então a pensar que eu deveria dar uma esmola ao desafortunado; eu naquele instante não tinha qualquer trocado, entretanto, dediquei-me a pensar o quantum que eu deveria dar, e, uma vozinha (fio de voz) na minha consciência me autorizava dar R$ 2. (dois reais).
Um conflito dentro de mim se estabeleceu. Uma voz mais forte em minha consciência dizia: se não houvesse proibição de dar esmolas aqui em Nova Trento assim como acontece em Bom Jesus da Lapa na Bahia, como certeza, de R$ 0,50 em 0,50 centavos você já teria dado pelo menos R$ 5 e, como aqui só temos esse único pedinte, será uma única esmola! Vamos lá, você já está desapegado a esse “cincão” mesmo, vai lá e dá logo! E aí veio a vozinha: se você quiser dar, dê só dois reais, olha só quanta gente passa por ele e dá dinheiro; no final de um dia ele já terá ganhado muito mais do que você ganhava por um dia de trabalho no Banco do Brasil, não seja perdulário! - Entre o embate da voz e da vozinha, venceu a vozinha. Decidi que daria os R$ 2, mas, antes de ir lá fazer a doação fiquei a observar e cronometrar a periodicidade com que ele ganhava as “esmolas”. Eu sabia que não levava nem dois minutos entre uma e outra, mas, a minha atenção sempre esteve dividida durante aquele período entre outros fatos, então, agora eu havia decidido que não desviaria a minha atenção até que eu tivesse uma estatística real.
A primeira alma “caridosa” que apareceu no instante em que eu estava fazendo a estatística real agachou-se e deu o dinheiro, levantou-se e foi embora; menos de um minuto depois, acintosamente, não se agachando um cidadão apresentou-lhe dois reais, o “pedinte” demorou-se um pouco – momento em que eu pensei: o cara está pedindo troco! – depois, recebeu como troco aos R$ 2 um monte de fitas de lembrança de Nova Trento. Barbaridade! O quê que eu ia fazer, camarada? Que mico eu ia pagar? Já pensou, se eu vou lá e me faço de uma alma acintosamente “caridosa” e dou uma esmola? – Bom, as gafes normalmente acontecem e, se eu cometesse tal e qual, com certeza eu não seria o único. O que me facilitou pensar que ele estivesse pedindo esmolas foi o fato de estar sempre em posição de retaguarda ao pedinte, portanto, eu não via o que acontecia à sua frente. Minutos depois do ocorrido chegaram até mim o responsável pela delegação ou romaria – não acostumo com o termo – o Fernando e logo depois a minha patroa e as crianças, e eu os coloquei a par do acontecido; e assim ficamos a observar o “pedinte vendedor”. O primeiro a ilustrar o que seria a minha gafe não se demorou a aparecer; um cidadão de reconhecida elegância estirou a mão e deu os “cincão” que me fora aconselhado a não dar, e logo foi se retirando. O “pedinte vendedor” bradou com voz educada: “Senhor! Volte aqui, por favor! Estás esquecendo a mercadoria! Eu não estou pedindo esmolas, estou trabalhando! Desculpe-me senhor...!”. - Bom, depois de me safar dessa, eu me aproximei e perguntei se eu poderia escolher as cores das fitas, e o “grande vendedor” de fitas abriu uma mochila cheia delas e disse que estava à vontade para as minhas escolhas. Eita Sul de Brasil maravilhoso, até para se pedir esmolas tem que se ter classe!

Francisco Silva Filho – Curitiba-PR