sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Ao ciclista desconhecido

Enviada ao Blog do Zé Beto
Recorro a este blog porque, se você não o lê, alguém que você conhece deve ler e lhe transmitirá esta epístola. Também está no meu blog, mas este só eu leio.
Pois é, companheiro. Fui eu que hoje (sexta), por negligência e imprudência, por confiar na buzina e, instintivamente, pensar que seu instinto supera a razão, acabei por derrubá-lo de sua briosa bicicleta quando eu buscava entrar na garagem do prédio onde moro.
Escrevo esta para, sonoramente e em público, pedir-lhe desculpas.
Fui negligente, sim, e principalmente arrogante por achar – e não é o que realmente penso – que uma buzinada seria o bastante para que você diminuísse a velocidade a me deixasse passar.
Deixar por quê? Você trafegava à direita da pista, bem junto à guia, respeitoso com as regras do trânsito. Deve ter acreditado que eu, civilizadamente, frearia meu possante 1.0 e esperaria você passar para, em seguida, eu entrar na garagem.
Paguei o preço do que me livro todos os dias nessa Itupava que agora virou via rápida. Quando me aproximo de casa, dou sinal com a seta, coloco o braço pra fora e faço aqueles gestos de lei que ninguém mais usa e, ainda assim, ouço freadas e, vez ou outra, um filhodaputa pela orelha esquerda. Hoje tinha um carro colado atrás do meu e achei que dava tempo de te ultrapassar e encostar na entrada do prédio.
Errei, e errei feio, e é por isso que peço desculpas.
Isso não me absolve, por certo. Cometi uma infração de trânsito por agir com negligência e não respeitar o ciclista.
Mas, como aconteceu de eu subir para ligar para o corretor de seguros e você partir sob aplausos da multidão, resta-me falar com você por meio do glorioso Blog do Zé Beto.
Você e sua baique saíram ilesos da minha barbeiragem. Eu, logo que constatada minha culpa (tanto que subi e liguei para o corretor de seguros), faria questão de te indenizar, se dano houvesse. Como tudo não passou de um baita aborrecimento, principalmente para você, obviamente, restar-me-ia a vergonha do erro cometido em público e um contrito pedido de desculpas.
É o que faço agora, no meio da praça, para purgar o mal que lhe causei.
Mas entenda algumas coisas:
1 – Eu não estava a 190 km por hora, embriagado, apostando racha com um bacana ainda não-identificado;
2 – Aconteceu um lamentável, mas superável acidente de trânsito, felizmente sem ferimentos físicos e sem danos materiais;
3 – Você não precisava tentar me dar lição de moral e de cidadania em público, como se estivesse diante de um débil mental;
4 – Você não precisava bradar que queria ver o mesmo acontecendo com meu filho;
5 – Você, enfim, não precisava dar aquele show, bancando a vítima de um motorista insano, um cretino que não respeita o ciclista;
6 – Você, ciclista desconhecido, comportou-se como um motoboy, e até agora, preocupado, espero manifestação de ciclistas diante do meu prédio, chamando-me de assassino, bradando “nóis qué justiça” e coisa e tal;
7 – Você não é dono da verdade e bicicleta é veículo, portanto sujeita a acidentes – por certo, sempre lamentáveis.
De minha parte, quero lhe assegurar que, de agora em diante, redobrarei meus cuidados e frearei meu possante para deixar o ciclista passar (quando voltar a dirigir). É assim, na verdade, que me comporto no dia-a-dia- do trânsito.
Hoje, infelizmente, errei, pelo que me penitencio.
Ao final e afinal, peço-lhe desculpas mais uma vez, dou-lhe os parabéns pelo show e prometo ser um bom menino daqui por diante.
Se você for, por um acaso do destino, o ciclista filho do Jacques Brã, campeão mundial de ciclismo de rua e defensor das baiques, pergunte-lhe sobre mim e ele lhe dirá que eu, apesar de tudo, sou um bom sujeito.
Traumatizado pelo acidente e pela bronca, fui trabalhar a pé esta tarde e pretendo voltar a ser pedestre daqui por diante. Melhor assim.
E ai de você, ciclista desconhecido, se subir na calçada onde eu caminho ou, se eu estiver deitado na rua, me mandar sair da frente.
Aí serei eu o certo e você não escapará dos meus sopapos.
Boa sorte a você e aos demais ciclistas curitibanos.
Assinado: Jorjão, agora e de novo o pedestre-dono-de-todas-as-verdades, um ser superior aos motoristas, aos motociclistas e até aos ciclistas.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Requião tem razão

Reproduzo abaixo release do Palácio das Araucárias sobre a proposta do governador de defender a indicação, ao STF, do paranaense (acho que ele é catarina, mas aqui estudado) Luiz Edson Fachin. Ele foi meu calouro na faculdade de direito da UFPR. Nos falamos uma, se muito duas vezes. Era de uma turma da qual saiu outro craque: Jacinto Nelson de Miranda Coutinho, catarina com certeza, aqui estudado, ex-namorado da Annamaria Marchesini e coxa doente. Fachin é civilista, Jacinto é um dos bambas do processo penal. Esses dois, junto com o professor René Dotti, que dispensa comentários, e o Marçal Justen Filho, administrativista, meu ex-contemporâneo no glorioso Colégio Estadual do Paraná e, anos depois, meu veterano na faculdade de direito, só honrariam o STF.
Desta vez o Requião tem razão. Vamos com ele para colocar o Fachin no STF. E depois o Marçal e o Jacinto (René, infelizmente, já estourou a idade).Até que enfim, hem, Requião?


O governador Roberto Requião defendeu, nesta quinta-feira (3), a nomeação do jurista paranaense Luiz Edson Fachin para a vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Duas vagas se abriram no STF devido à aposentadoria compulsória do ministro Eros Graus e da morte do ministro Carlos Alberto Direito, na madruga da última terça-feira (1º).

“É a oportunidade do Paraná pleitear uma vaga na suprema corte brasileira. Nós temos no nosso Estado um dos melhores juristas do país. Luiz Edson Fachin é preparado por todos os títulos e essa oportunidade não pode ser perdida”, disse Requião em pronunciamento oficial.

“Nós temos que unir a opinião jurídica do Paraná e levar nossa sugestão ao presidente Lula. Eu lanço essa campanha em nome do Governo do Estado, fazendo o apelo para que todos se unam por que é possível neste momento emplacar um ministro do STF paranaense”, acrescentou o governador.

Recentemente, Fachin foi designado pelo Governo Federal como membro da comissão sobre a Reforma do Poder Judiciário. O jurista também assessorou Requião, enquanto senador, no projeto do novo Código Civil brasileiro. E a pedido da então deputada Marta Suplicy emitiu parece, e fez a defesa na Câmara dos Deputados do projeto de lei da parceria civil de pessoas do mesmo sexo.

O pronunciamento gravado pelo governador está sendo transmitido pela TV e pela rádio Paraná Educativa e por diversas rádios do estado.

Fachin é professor de Direito Civil da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (Puc-PR); mestre e doutor em Direito das Ralações Sociais pela PUC – SP; pós-doutorado no Canadá pelo Faculty Reseach Program do Ministério das Relações Exteriores do Canadá, professor convidado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), da PUC-RS, da Universidad Pablo de Olavide de Sevilha, Espanha; membro do corpo docente da Universitá Degli Studi di Salerno na Itália e membro da Associação Andrés Bello de juristas franco-latino-americanos, com sede em Paris.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Eu sou pobre, pobre...

Divagando & Katilografando

Pobre de marré, deci! Desci coisa alguma! Eu sou rico, rico, rico de marré, subi...! Subi na vida sim senhor! Eu nasci pobre. De mãe pobre e de pai perdulário. Quando eu nasci meu pai não tinha um vintém (esse é velho!), digo, um cruzeiro; ele estava na vala comum daqueles que muito teve e que perdeu tudo porque não soube preservar o que lhe deixou o seu pai (o meu avô).
Ter nascido pobre em um país onde a riqueza era (e continua sendo) o passaporte para uma vida e um futuro melhor, onde o governo não priorizava como o Lula prioriza em primeira instância e procura silenciar o ronco dos estômagos dos famintos; deixava há mais de quarenta anos os pais de família com uma cuia na mão, batendo de porta em porta a pedir esmolas. Um dia de trabalho de pedreiro (profissão escolhida pelos ex-ricos, os novos fracassados; nos dias de hoje, acabam virando corretores ilegais; veja o caso do eterno playboy Jorge Guinle, que nem precisa sair de casa para intermediar uma venda, os seus amigos é que o colocam na transação) em uma cidade de pouco avanço à época não valia quase nada quando se arranjava alguma coisa, alguma obra; quem salvava mesmo com seus parcos recursos a economia doméstica eram as mulheres, essas bravas trabalhadoras braçais que botavam a comida na mesa sob as duas formas: trabalhando, lavando roupa para ganhar o pão e literalmente cozinhando para sua família.
Os programas sociais do governo têm salvado uma parcela significativa da população brasileira; os miseráveis de hoje já não são tão miseráveis quanto os de antigamente; os pobres de hoje já não são tão pobres quanto eu experimentei ser. Os pobres de então, tem o seu lugar ao sol; saem como o Lula prometeu, pelo menos uma vez por mês para almoçar fora com a família; ir à praia – e como está indo, estão levando a sério! Os pobres que engrossam as estatísticas da popularidade do Lula, não raro, têm TV de LCD em casa, geladeira de última geração. Por falar em TV, eu tenho duas aqui em casa que eu quero me livrar, já são vintenárias e estão ótimas; caí na besteira de perguntar ao carrinheiro (homem ou mulher que recolhem o lixo que não é lixo) se ele não queria a ou as TV’s, ao que me respondeu educadamente e com certa ponta de indisfarçado orgulho: “moço, eu não tenho lugar para colocar essas TV’s lá em casa não, a nossa TV é de plasma!” - Sim senhor, viva a modernidade e viva a popularidade do seu Lula da Silva!
Os tempos mudaram; o povo rico não percebeu a quantas as mudanças operaram milagres nas vidas daqueles que outrora não tinham o que comer; os filhos dos pobres de outrora hoje são, no seu meio social, os mauricinhos (versão popularizada) de uma geração que sonha e realiza. As bolsas estudo, bolsa família, meu primeiro emprego e toda forma de assistencialismo do governo tem dado, nas devidas proporções, alguma dignidade aos pobres brasileiros. O povo pobre normalmente não tem dado a sua opinião sobre os benefícios recebidos; talvez, seja porque a imprensa não lhes dê espaço para dizer o que pensa, todavia, o grande termômetro desse silêncio popular entre em ebulição nas urnas nas próximas eleições.
Os intelectualóides de plantão e sem a menor sensibilidade costumam dizer que melhor que dar o peixe, é dar a vara e ensinar a pescar. O que podemos constatar dessa construção filosófica é que, diante de uma emergência como é o caso da fome, “enquanto se gasta tempo ensinando, o estômago vazio desconstrói o aprendizado” (essa construção filosófica é minha, ninguém tasca!); e o Lula, melhor do que ninguém é capaz de saber disso. Pois muito bem, as ações de governo tem realmente ajudado, mas, não tem sido suficientes para erradicar totalmente a fome e matar o desejo mais singelo de muitos; dos quais, insistem em sustentar a sua base de popularidade em uma flagrante demonstração de gratidão. Gratidão, aliás, que tem deixado roxo de raiva aqueles segmentos da base de oposição ao governo.
Se nos meus tempos de garoto, na minha tenra infância, nós tivéssemos tido um governo como é o governo do Lula, – falo do governo pessoa do Lula, do seu carisma e não o governo PT – com alguma margem de acerto eu acredito que hoje nós seríamos uma nação respeitada, já teríamos praticamente erradicado a pobreza que tanto tem preocupado os governantes sérios pelo mundo afora. Como a vida não é feita de “se” e sim da realidade, cumpre-nos enquanto cidadãos e contribuintes, fiscalizarmos as ações mais próximas dos nossos governantes, para que não caiam na tentação de desviar os recursos que são destinados aos nossos pobres e necessitados como foi o caso do vereador Alex Lopes de Sousa de Santa Cruz da Vitória que estava inscrito no programa bolsa família. Como sonhar não implica em fato gerador de impostos (tomara que jamais inventem um imposto para os sonhadores), continuarei sonhando que um dia e para sempre, a cantiguinha “Eu sou pobre, pobre, pobre de marré deci” seja substituída por: “EU SOU RICO, RICO, RICO DE MARRÉ; NESTE BRASIL EU VENCI!”.

Francisco Silva Filho – Curitiba-PR