Divagando & Katilografando
Pobre de marré, deci! Desci coisa alguma! Eu sou rico, rico, rico de marré, subi...! Subi na vida sim senhor! Eu nasci pobre. De mãe pobre e de pai perdulário. Quando eu nasci meu pai não tinha um vintém (esse é velho!), digo, um cruzeiro; ele estava na vala comum daqueles que muito teve e que perdeu tudo porque não soube preservar o que lhe deixou o seu pai (o meu avô).
Ter nascido pobre em um país onde a riqueza era (e continua sendo) o passaporte para uma vida e um futuro melhor, onde o governo não priorizava como o Lula prioriza em primeira instância e procura silenciar o ronco dos estômagos dos famintos; deixava há mais de quarenta anos os pais de família com uma cuia na mão, batendo de porta em porta a pedir esmolas. Um dia de trabalho de pedreiro (profissão escolhida pelos ex-ricos, os novos fracassados; nos dias de hoje, acabam virando corretores ilegais; veja o caso do eterno playboy Jorge Guinle, que nem precisa sair de casa para intermediar uma venda, os seus amigos é que o colocam na transação) em uma cidade de pouco avanço à época não valia quase nada quando se arranjava alguma coisa, alguma obra; quem salvava mesmo com seus parcos recursos a economia doméstica eram as mulheres, essas bravas trabalhadoras braçais que botavam a comida na mesa sob as duas formas: trabalhando, lavando roupa para ganhar o pão e literalmente cozinhando para sua família.
Os programas sociais do governo têm salvado uma parcela significativa da população brasileira; os miseráveis de hoje já não são tão miseráveis quanto os de antigamente; os pobres de hoje já não são tão pobres quanto eu experimentei ser. Os pobres de então, tem o seu lugar ao sol; saem como o Lula prometeu, pelo menos uma vez por mês para almoçar fora com a família; ir à praia – e como está indo, estão levando a sério! Os pobres que engrossam as estatísticas da popularidade do Lula, não raro, têm TV de LCD em casa, geladeira de última geração. Por falar em TV, eu tenho duas aqui em casa que eu quero me livrar, já são vintenárias e estão ótimas; caí na besteira de perguntar ao carrinheiro (homem ou mulher que recolhem o lixo que não é lixo) se ele não queria a ou as TV’s, ao que me respondeu educadamente e com certa ponta de indisfarçado orgulho: “moço, eu não tenho lugar para colocar essas TV’s lá em casa não, a nossa TV é de plasma!” - Sim senhor, viva a modernidade e viva a popularidade do seu Lula da Silva!
Os tempos mudaram; o povo rico não percebeu a quantas as mudanças operaram milagres nas vidas daqueles que outrora não tinham o que comer; os filhos dos pobres de outrora hoje são, no seu meio social, os mauricinhos (versão popularizada) de uma geração que sonha e realiza. As bolsas estudo, bolsa família, meu primeiro emprego e toda forma de assistencialismo do governo tem dado, nas devidas proporções, alguma dignidade aos pobres brasileiros. O povo pobre normalmente não tem dado a sua opinião sobre os benefícios recebidos; talvez, seja porque a imprensa não lhes dê espaço para dizer o que pensa, todavia, o grande termômetro desse silêncio popular entre em ebulição nas urnas nas próximas eleições.
Os intelectualóides de plantão e sem a menor sensibilidade costumam dizer que melhor que dar o peixe, é dar a vara e ensinar a pescar. O que podemos constatar dessa construção filosófica é que, diante de uma emergência como é o caso da fome, “enquanto se gasta tempo ensinando, o estômago vazio desconstrói o aprendizado” (essa construção filosófica é minha, ninguém tasca!); e o Lula, melhor do que ninguém é capaz de saber disso. Pois muito bem, as ações de governo tem realmente ajudado, mas, não tem sido suficientes para erradicar totalmente a fome e matar o desejo mais singelo de muitos; dos quais, insistem em sustentar a sua base de popularidade em uma flagrante demonstração de gratidão. Gratidão, aliás, que tem deixado roxo de raiva aqueles segmentos da base de oposição ao governo.
Se nos meus tempos de garoto, na minha tenra infância, nós tivéssemos tido um governo como é o governo do Lula, – falo do governo pessoa do Lula, do seu carisma e não o governo PT – com alguma margem de acerto eu acredito que hoje nós seríamos uma nação respeitada, já teríamos praticamente erradicado a pobreza que tanto tem preocupado os governantes sérios pelo mundo afora. Como a vida não é feita de “se” e sim da realidade, cumpre-nos enquanto cidadãos e contribuintes, fiscalizarmos as ações mais próximas dos nossos governantes, para que não caiam na tentação de desviar os recursos que são destinados aos nossos pobres e necessitados como foi o caso do vereador Alex Lopes de Sousa de Santa Cruz da Vitória que estava inscrito no programa bolsa família. Como sonhar não implica em fato gerador de impostos (tomara que jamais inventem um imposto para os sonhadores), continuarei sonhando que um dia e para sempre, a cantiguinha “Eu sou pobre, pobre, pobre de marré deci” seja substituída por: “EU SOU RICO, RICO, RICO DE MARRÉ; NESTE BRASIL EU VENCI!”.
Francisco Silva Filho – Curitiba-PR
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