sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O desemprego e o Nobel de Economia

Da Agência Fapesp
O Prêmio Nobel de Economia de 2010 foi concedido a três pesquisadores que formularam e desenvolveram uma teoria capaz de explicar por que há tanta gente sem emprego ao mesmo tempo em que as empresas não param de abrir postos de trabalho.

Pela criação de modelos matemáticos que explicam situações de mercado em que há ruídos ou imperfeições entre a demanda e a oferta de bens ou serviços, os norte-americanos Peter A. Diamond, de 70 anos, professor de economia do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), e Dale T. Mortensen, 71, da Universidade Northwestern, dividirão o prêmio com Christopher A. Pissarides, cidadão cipriota e inglês de 62 anos que dá aulas na London School of Economics and Political Science.

Os três dividirão o prêmio de 10 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 2,5 milhões), que receberão com diplomas e medalhas de ouro em cerimônia no dia 10 de dezembro, aniversário da morte de Alfred Bernhard Nobel (1833-1896), o inventor da dinamite.

“Felizmente, estava sentado e não estava dirigindo [quando recebi a notícia do Nobel]”, disse Diamond em entrevista coletiva no MIT. “É algo que tira o seu fôlego.”

Pissarides reagiu de forma semelhante ao anúncio do prêmio, concedido pela Real Academia Sueca de Ciências e o Sveriges Riksbank (o Banco Central da Suécia). Disse que sentiu um “misto de surpresa e alegria.”

O terceiro premiado, Mortensen, estava na Dinamarca, onde dá no momento aulas como professor visitante, e só soube que era um Nobel durante um almoço com colegas. “Eles sabem guardar segredo lá em Estocolmo. Não tinha ideia do prêmio”, comentou.

Os primeiros trabalhos dos economistas nesse campo datam dos anos 1970 e redundaram no chamado modelo Diamond-Mortensen-Pissarides (DMP), atualmente a ferramenta mais utilizada para analisar o desemprego, o mecanismo de formação de salários e o impacto das políticas públicas sobre nesse setor.

Embora o mercado de trabalho seja a área em que a teoria é mais empregada, o modelo também pode ser usado para entender o mercado imobiliário e outras esferas da economia.

Segundo a academia sueca, o mérito do trabalho dos economistas consiste em mostrar que a visão clássica do mercado perfeito não encontra amparo no mundo concreto.

A teoria tradicional defende a ideia de que compradores e vendedores de bens e serviços se encontram rapidamente no mercado, sem qualquer custo para as partes, e que todos estão bem informados sobre os preços das mercadorias. Não há oferta ou demanda em excesso de um produto e todos os recursos são usados em sua plenitude.

Nessa situação ideal, o preço de bens e serviço expressa a igualdade de oferta e da demanda. “Mas não é isso que ocorre no mundo real. Custos elevados são frequentemente associados às dificuldades dos compradores em encontrar vendedores. Mesmo depois de eles terem se encontrado, as mercadorias em questão podem não corresponder aos requerimentos do compradores. O comprador pode considerar o preço do vendedor muito alto, ou o vendedor pode achar a oferta do comprador muito baixa. Então, a transação não ocorre e as duas partes continuam a procurar (a mercadoria) em outro lugar”, destacou o comitê do Nobel.

Esse mecanismo é típico de muitos setores da economia, inclusive o mercado de trabalho.

Mais informações sobre o Nobel: http://nobelprize.org