Hoje é o dia da padroeira - e o dia das crianças.
Meu dia, portanto.
Quero o que ficou pra trás.
Minhas alegrias, minhas dores, minhas tristezas, minhas frustrações, meus sonhos, meus pesadelos, minha infância, minha criancice, meus gols de placa e contra.
Não pra mudar, só pra lembrar.
Quero de volta meus banhos de bacia sob o sol de Arapongas, onde buscava meu avô Deodato com um pé de chinelo pra ele calçar (o outro era do primo Pedro).
Minha meia água na Vila Fanny e a morte da vaca atropelada na estrada que me fez chorar no colo da mãe Kayete.
Quero de volta meu pai, o espanhol Pegerto, que está no nada, e que me tomava a tabuada (ou seria taboada?) e me dava aulas de história contada na enorme coleção de Cesare Cantu.
Quero de volta meu caminhãozinho amarrado num arbusto, no Juvevê, que alguém levou.
Quero de volta minha casa na General Carneiro e, lá no alto, a bandeira do Coritiba que enfiei telhado adentro, esparramada num cabide pregado num cabo de vassoura.
Quero de volta meu lugar no altar da capela do HC, onde eu era coroinha com o meu amigo Carlos Krizanowski.
Quero de volta meus amigos e o futebol no campinho da véia.
Quero de volta o Grupo Zacarias, o Colégio Estadual.
Quero de volta minha infância perdida e achada em cada canto dos meus guardados, nas fotos, na memória quase anciã de minha meia idade.
O que veio depois não me deixa esquecer minha cadela Diana, meus gols - e os gols do Brasil em 62 -, os gols do Coxa (e meu choro infantil em cada derrota), a limonada que Celine e eu fazíamos pra vender pros doentes do HC.
Quero de volta meus irmãos Carlinhos e Sara: Lalinho e Nininha.
Criei espinhas, nasceram-me pelos no rosto e no corpo, minha voz mudou.
Mudei eu e mudou o mundo.
Mas não a alma.
Piegas pra carajo.
Mas tenho saudade do Jorginho.
Muita, muita saudade.
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