sábado, 3 de dezembro de 2011

Meu Glorioso

O Coritiba pode ganhar o Atletiba, classificar-se à Libertadores e, ao mesmo tempo, enfiar o Atlético na Segundona. Tomara, claro. Mas não muda o que importa. Já disse alguém que o futebol é, das coisas desimportantes, a mais importante que existe.
Parafraseio e digo que, das coisas mais importantes, o futebol é a mais desimportante.
Glória ao Glorioso, mas na segunda-feira terei de tomar banho, fazer a barba, beijar minha mulher e ir trabalhar como sempre faço. Um pouco melhor, um pouco pior. Tanto faz. Talvez mude de ideia amanha. Mas aí será outro dia. Haja o que houver. Sempre com esse desimportante Coxa chutando o meu coração.
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Agora meu comentário ao que eu mesmo escrevi acima no FB.
Levei anos para alcançar esse estado quase zen - nunca indiferente - diante do futebol e do meu clube do coração.
Foi graças à profissão de jornalista, que exige postura e compostura. E à idade, claro, que nos torna chatos, porém equilibrados, algo sábios.
Sou piá do Alto da Glória, aonde fui viver aos três para quatro anos numa casa na General Carneiro, no sopé de um morro em cujo cume hoje está o HC, que conheci antes da inauguração e cujas entranhas conheci com a molecada do bairro antes que o primeiro médico e o primeiro doente lá aportassem (pra quem não sabe, fui o primeiro coroinha de sua capela, repetindo em latim as ladainhas aos doentes).
Subia mais além e lá estava eu no campo do Glorioso, onde, criança, ficava de gandula nos treinos e, em dias de jogo, vendia refrigerante (em garrafa) pra ganhar o meu e comprar pipoca.
Corta e lá estou eu, séculos depois, cobrindo o clube como jornalista (ou eterna tentativa de) do Estadinho, do Estadão e tal.
Aprendi a ter distanciamento e, de tanto ver futebol, tornei-me um cético.
Quando voltei a ser um mero torcedor, via os jogos como crítico. Fez-me mal, concordo, mas isso me tornou aquele apaixonado que acha defeito em tudo.
Estou mudando, pero no mucho.
Resumo para falar de amanhã.
Reitero o que disse acima, mas é só um jogo de futebol.
Porém, passarei mal, a pressão se elevará, provavelmente me embriagarei e torcerei como nunca ou como sempre.
Quero voltar aos meus dez anos de idade, quando chorava ao ver meu time perder, cantava quando ele ganhava.
Ando meio sem expressão, meio frio - mas sinto calafrios.
Quero ver meu time ganhar, sim.
Quero que o Atlético sucumba e desça aos infernos como lá estivemos, claro.
Ficarei um pouco mais feliz se o Glorioso for à Libertadores.
Mas não vou morrer se não for.
A vida é um pouco assim: curtir as alegrias, saber lidar com as frustrações.
Você entendeu?
Entonces, quem piscar primeiro, adiós.
Até amanhã.

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