Alberto Helena Jr., no IG
Estádio lotado de merengues e o Real vindo de quinze vitórias consecutivas, time azeitado, pleno de estrelas, líder do Campeonato Espanhol, sensação da Liga dos Campeões e tal e cousa e lousa e maripousa.
Eis que, logo de cara, o goleiro Victor Valdés, do Barça, faz uma lambança e Benzema abre a contagem. A tragédia catalã se desenha no ar do Santiago Bernabeu.
Que nada, espie só o Barça. É como se nada tivesse acontecido e tudo estivesse ainda por acontecer, pois o jogo, para ele, nem era realmente no Santiago Bernabeu, em Madrid, ou qualquer outro recanto real que a bola rolava. Era num campo dos sonhos, flutuando acima de qualquer paixão.
Perceba como esses caras não dão a menor pelota para o placar, o adversário, o juiz, a torcida. Seu negócio é a bola. Onde ela estiver, eles a tratam com ternura e cuidados. Mesmo sob intensa pressão, apesar do erro grotesco do goleiro, nenhum chutão pra frente, nenhum despacho sem endereço certo, nenhum temor.
Como cunhou certa vez o técnico Muricy: a bola pune. Sim, pune quem a trata mal, mas premia quem lhe dispensa tanto respeito e carinho. E, lá vai a bichinha ronronando de prazer de pé em pé, submissa, agradecida, seduzida, até se deitar na rede branca por três vezes ainda antes do apito final.
Há quem consiga traçar e retraçar, durante o jogo, todos os meandros desse time maravilhoso, construindo e reconstruindo fórmulas as mais cabalísticas possíveis; mas, para mim, o mistério desse Barcelona é a simplicidade em seu estado mais puro, como a primeira lição das cartilhas d’antanho, que começava assim: O Menino e a Bola.
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