Da Reuters
Há uma boa chance de que os jovens que estão crescendo no moderno
mundo conectado de hoje se tornem pessoas capazes de decisões ágeis e
brilhantes, caso não se transformem em indivíduos incapazes de se
concentrar pelo tempo necessário para ler um bom livro.
É o que dizem 1.021 profissionais da tecnologia, críticos e
estudantes pesquisados pelo Pew Research Center. Eles se dividem
praticamente meio a meio sobre o impacto da tecnologia onipresente em
adolescentes e jovens da chamada "geração Y".
Na pesquisa, divulgada nesta quarta-feira, 55 por cento dos
respondentes concordaram com a declaração de que, em 2020, os cérebros
dos jovens terão "conexões" diferentes dos cérebros de pessoas com mais
de 35 anos, permitindo bons resultados em termos de se localizar
respostas rapidamente.
Mas 42 por cento dos entrevistados se declararam pessimistas,
concordando com a afirmação de que, em 2020, os jovens usuários de
tecnologia se distrairão facilmente, não terão capacidade para
raciocínio em profundidade e se preocuparão apenas com satisfação
instantânea.
"Existe uma tensão entre os aspectos positivos e negativos
daquilo que prevemos", disse Janna Anderson, professora associada da
Universidade Elon, na Carolina do Norte, e uma das responsáveis pelo
estudo. "No momento, muitos dos entrevistados respondem que a vida deles
já é assim. Estão todos antecipando que seja esse o desfecho", disse
ela à Reuters.
As previsões da pesquisa atraem atenção porque um levantamento
semelhante realizado no começo dos anos de 1990 previu com precisão os
conflitos que surgiriam entre a tecnologia online e os direitos
autorais, as instituições estabelecidas e a proteção da privacidade,
disse Anderson.
Os entrevistados ofereceram previsões coerentes sobre a
capacitação de que os jovens necessitarão em 2020. Entre elas estão a
capacidade de solução de problemas de maneira colaborativa; a busca
efetiva de informação online; e a avaliação da qualidade dessa
informação.
"Em contraste, a capacidade de ler alguma coisa e refletir
seriamente sobre ela durante algumas horas não será desimportante, mas
terá menos importância, para a maioria das pessoas", disse Jonathan
Grudin, diretor de pesquisa da Microsoft e um dos entrevistados no
levantamento, em um comentário citado pelo Pew.
Muitos dos pesquisados apóiam reformas educacionais para tornar
jovens distraídos mais capazes de se concentrar e lidar com tecnologias
de conexões sempre ativas. Entre as sugestões estão espaços de descanso,
meditação, áreas de silêncio e períodos afastados de dispositivos
conectados à Internet.
Alvaro Retena, importante especialista em tecnologia da
Hewlett-Packard, previu estagnação da tecnologia e mesmo na literatura,
como resultado da redução dos períodos de concentração.
A pesquisa foi realizada online entre 28 de agosto e 31 de
outubro de 2011. Quarenta por cento dos pesquisados são cientistas ou
funcionários de uma faculdade ou universidade e 12 por cento trabalham
para companhias de tecnologia da informação.
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