quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Cícero disse há mais de 2 mil anos, e é como se repetisse hoje e sempre


 

— Uma conspiração criminosa — ele disse, balançando desesperadamente a cabeça. — Pior: uma conspiração burra. Esse é o problema, Tiro, quando soldados resolvem fazer política. Imaginam que a única coisa que precisam fazer é sair dando ordens, e todo mundo vai obedecer. Não conseguem perceber que a única coisa que em princípio os torna atraentes, o fato de serem supostamente grandes patriotas, acima da imundície da política, é, no final, o que pode derrotá-los, porque ou eles permanecem acima da política, e nesse caso não vão a lugar nenhum, ou entram de cabeça na lama junto com todos os demais, e aí se mostram tão venais quanto qualquer mortal.

 

(Marco Túlio CÍCERO em conversa com seu escravo e secretário Tiro, em Roma, há cerca de 2080 anos. Extraído da biografia romanceada Trilogia de Cícero, Livro I – Imperium, de Robert Harris, tradução de André Pereira da Costa, Editora Record – 2009)

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