— Uma conspiração criminosa — ele disse, balançando desesperadamente
a cabeça. — Pior: uma conspiração burra. Esse é o problema, Tiro, quando
soldados resolvem fazer política. Imaginam que a única coisa que precisam fazer
é sair dando ordens, e todo mundo vai obedecer. Não conseguem perceber que a
única coisa que em princípio os torna atraentes, o fato de serem supostamente
grandes patriotas, acima da imundície da política, é, no final, o que pode derrotá-los,
porque ou eles permanecem acima da política, e nesse caso não vão a lugar
nenhum, ou entram de cabeça na lama junto com todos os demais, e aí se mostram
tão venais quanto qualquer mortal.
(Marco Túlio CÍCERO em conversa com seu escravo e
secretário Tiro, em Roma, há cerca de 2080 anos. Extraído da biografia
romanceada Trilogia de Cícero, Livro I – Imperium, de Robert Harris,
tradução de André Pereira da Costa, Editora Record – 2009)
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