Acabo de ler em (no meu tempo de repórter abrilesco a gente escrevia em, e não na) Veja a matéria sobre o filme do Fábio Barreto, "Lula, o filho do Brasil", produzido pelo pai Barretão e coisa e tal.
Não vi, não gostei e gostei. Não importa.
O filme, obviamente, é uma apologia de Lula; a crítica de Veja, obviamente, é um pau de dar em doido no filme da família Barreto.
O erro da (ou de) Veja é forçar a barra e comparar o desenvolvimento da história com a saga de Jesus. Concede a Lula suas qualidades, mas dá-lhe pau no próprio e na fita.
Imagino como é o filme: fotografia bacana, planos amplos no sertão, depois câmera fechada na cara dos personagens, som de primeira.
A saga da família nordestina, foco na dona Lindu (a maravilhosa Glória Pires, atriz de prima, uma de minhas ídolas), a matriarca que deu ao Brasil o primeiro presidente da República vindo da miséria Severina e, depois, do sindicalismo operário do ABC (não falemos aqui que o personagem veio de uma elite sindical- vide Mosca & Pareto).
Dizem que é tipo "Dois filhos de Francisco", do qual vi aos pedaços, achei muito bom e forçado às lágrimas.
Pode ser fácil ou muito difícil fazer filmes assim.
É o tipo do filme que dá o flanco pra tomar porrada da direita e até da esquerda.
Fábio Barreto forçou aqui, amenizou ali, aplainou o terreno, dando aos olhos do espectador a história oficial.
Repito: não vi, não assisti ao filme.
Mas deve ser bonito.
Não vi e não gostei, não vi e gostei.
Só a história contemporânea - aí com livros e filmes, principalmente, contará tudo ou quase tudo.
Parafraseando o companheiro Fidel, a história, provavelmente, absolverá e dará a taça de campeão ao companheiro Lula.
Não o comparemos a JK, Getúlio, Fernando Henrique, Sarney et cetera.
Eles são eles e suas circunstâncias.
Que se façam filmes e que se escrevam livros, imediatos ou com o tal distanciamento crítico, sobre todosm eles.
O filme de Fábio Barreto é romântico e chapa-branca?
O filme do Bruno "O que é isso, companheiro?" é meio chapa-branca da esquerda.
Os Barreto são bons de cinema.
Mas ainda prefiro os bons documentários.
Os bons livros.
Documentaristas e historiadores, mexam-se.
Ainda quero ver um grande filme - e um grande livro -, sem salamaleques e sem pancada de graça.
Um baita documentário, ainda que de quatro ou quarenta horas.
No qual caibamos todos nós: achadores, índios, bandeirantes, escravos negros, brancos, estrangeiros, nobres, imigrantes, trabalhadores, vencedores e derrotados, Pelé & Coutinho, meninos e meninas do Brasil, de todas as classes (um dia não haverá mais isso), cores, tamanhos, nomes - nosso emocionante universo de gente que vive em florestas, campos, cidades, montanhas e praias.
Uma sinfonia de imagens, palavras, música riquíssima, sonhos.
Retiro o título do grande brasileiro Antônio Maria:
"Brasileiro, profissão: esperança."
Somos nós, os filhos do Brasil.
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