Dilma
Minha cara presidenta,
O Aurélio de que disponho em meu computador diz que
presidenta é a mulher do presidente ou a mulher que preside.
Logo, como você não é mulher de presidente nenhum, viu?, sei que você é a mulher que preside.
Preside esta Nação chamada Brasil.
Nação é um conceito.
Brasil é um País.
Brasil é um Estado.
Você é a chefa do Executivo.
Têm os chefes do Legislativo e do Judiciário, eu
sei.
Mas falo de você.
Você está a poucos dias de se reeleger presidenta da
República.
Terá mais quatro anos para prosseguir com um governo
iniciado quatro anos atrás.
Sou um homem brasileiro nascido há quase 60 anos e
passei pela ditadura (não, não fui perseguido nem nada, e mesmo no movimento
estudantil era tão pequeno que nem tive direito a ficha no DOPS, o que, aliás,
me chateou).
Mas compareci a assembleias estudantis, fiz uso da
palavra e tal.
Na Faculdade de Direito da UFPR ajudei a refundar um
partido para combater a direita que lá mandava – e como perdemos ela continuou
mandando.
Fui até orador do partido de oposição – eu e minha
timidez -, mas perdemos aquela eleição para a direita, que, na verdade, nem
sabia que era de direita. Os amigos só queriam jogar bola, truco, fazer festa,
bater um sambinha. A bomba na OAB e nas bancas de jornais eram fatos para eles distantes de Curitiba,
apenas fatos. Morreu gente. Eram apenas fatos. Nosso Centro Acadêmico, que me
lembre, nem sequer escreveu uma nota. Mas tudo bem.
Na escola de Comunicação da UFPR eu sempre fui de
oposição.
Jornalista, sempre fui da oposição sindical.
Jornalista, sempre fui da oposição sindical.
Na vida, sempre fui de oposição.
Continuo de oposição.
Falei demais, não?
Veio 1989 e lá estou eu: oposição. Roberto Freire
(arrependimento não mata) e Lula. E Lula e Lula... E Plínio (é isso, não votei em você, viu?)
Sempre na oposição.
Vou encurtar o papo.
Estamos na eleição democrática mais importante da
história “desse” País.
Decidi que vou votar em você.
Minha mulher adorou. Meu irmão é Luciana e me chamou de fraco.
Minha mulher adorou. Meu irmão é Luciana e me chamou de fraco.
Não acho que seu governo tenha sido o dos meus sonhos, mas
duvido que o dos seus adversários pudesse vir a ser o dos meus anseios.
Falo de Marina e Aécio.
Falo de Marina e Aécio.
Seus adversários diretos não me inspiram confiança.
Confesso que se você já estivesse garantida
escolheria entre a Luciana e o Eduardo – mais próximos do que sonho.
Mas a vida não é sonho, são os fatos, o mundo são os fatos, como já disse
meu filósofo favorito, o Ludovico.
Então escolhi você.
Você não sabe quem sou e certamente meu voto será
apenas mais um no seu balaio, que, espero, esteja tão cheio neste primeiro
turno que lhe garanta a reeleição desde logo.
Mas Dilma, ou Diiilma, coração valente...
Como seus antecessores, você está devendo. E é por
isso que lhe dou, humildemente, meu pobre e ralo voto – uma gota no seu oceano,
que, espero, a manterá no comando do conceito Nação, no concreto Brasil.
Dou-lhe, Dilma, meu humilde voto na esperança e na
cobrança de que você, nos quatro anos que lhe restam de comando, cumpra o que
todos, digo todos, prometeram e não cumpriram. Não, justiça seja feita, em
alguns temas seus antecessores nem chegaram perto.
Acho que sou eu que falo demais.
Melhor, jogo agora. Nesta campanha, pelo que li (não
vi porque não tenho TV em casa, o que me faz muito bem), nem você nem Marina
nem Aécio nem Luciana nem Eduardo Jorge (meu xará ao contrário) nem os demais
cobriram os temas que queria ver abordados. Por certo para não magoar o
agronegócio, as empreiteiras, os bancos, o grande capital, até as contas do
governo, enfim.
Os mais à esquerda falaram claro, mas sem proporem as soluções que eu esperava.
Os mais à esquerda falaram claro, mas sem proporem as soluções que eu esperava.
Cara futura presidenta reeleita, serei breve, como
breve é nossa vida humana, mas longa é a vida do nosso Brasil.
Você vai ser por mais quatro anos presidenta da
República Federativa do Brasil devendo a mim e a quem interessar possa a
solução definitiva ou encaminhada, vá lá, (algumas das quase resolvidas há
séculos em alguns países e outras mais recentes em outros, mas de urgente solução
por aqui) dos seguintes temas, colocados sem ordem de importância, pois todos
são urgentes:
1 – Fechamento e selamento definitivo das usinas
nucleares de Angra dos Reis;
2 – Definição de matriz energética e suas alternativas,
sem energia nuclear;
3 – Democracia (e tudo o que nela está implícito) na
discussão sobre a construção de usinas hidrelétricas em rios vitais (é difícil,
mas deve haver democracia nessa discussão) Mais: propostas em torno de
alternativas;
4 – Demarcação definitiva e com proteção permanente
(pelas Forças Armadas, PF, governos estaduais e prefeituras – entendam-se) das
terras indígenas, mais assistência, no mato, no campo e na cidade aos nossos fundadores;
5 – Contratação, por concurso público, de equipes
que garantam a proteção às terras indígenas, punindo severamente a invasão de
fazendeiros, mineradores, etc.;
6 – Demarcação e proteção por forças federais de
áreas de mineração estratégica, com exploração estatal (ou por concessão) para
o governo federal;
7 – Reforma agrária ampla e sem subterfúgios, com expropriação,
de terras improdutivas, em favor de famílias e cooperativas legalmente
constituídas;
8 – Banimento definitivo do trabalho escravo no
campo, com expropriação de terras em que ele seja constatado de acordo com a
lei, mais incentivo claro à agricultura familiar, ou você come soja?. No mesmo item, fiscalização e zoneamento de áreas transgênicas (sou pelo banimento, mas não vai colar);
9 – Expropriação de terras, em favor da União e, em
seguida, de famílias produtoras agrícolas, onde haja produção de tóxicos
(maconha, etc.), em extensão da reforma agrária;
10 – Extinção definitiva do trabalho escravo – ou dele
análogo – em propriedades de qualquer natureza, com o consequente confisco, em
favor da União, das propriedades onde este se verificar, e destinação do imóvel
às vítimas, na forma da lei vigente ou por lei nova ou, ainda, Medida
Provisória;
11- Confisco de imóveis e de bens de capital onde se
comprovar trabalho escravo na cidade, sempre em favor da União, que reverterá
tais bens aos trabalhadores explorados (brasileiros ou estrangeiros) na forma
da lei ou ser estabelecida para tal, cumulado com expatriação de seus exploradores
ou com punição, na forma da lei, se forem nacionais;
12 – Extinção do trabalho infantil, com as consequências
da lei vigente e destinação das vítimas à atenção devida, na forma da lei, de
acordo com o Estatuto de Criança e do Adolescente, sobretudo, da Constituição;
13 – Reforma urbana, com ampla discussão entre cidadãos,
empresas, sindicatos, associações, organizações e conselhos profissionais, com
o objetivo de tornar as cidades mais habitáveis. Trata-se de um conceito mais
etéreo, mas possível.
Mas não é só isso, presidenta.
Mas não é o mínimo.
Deixei por último, dois pontos:
1 - Aumento do salário mínimo, na média de cálculo do Dieese e do MF;
2 - Extinção do Fator Previdenciário (perguntem ao Paulo Paim).
E agora edito, pois quase me esqueci, mas não menos importante:
Com todas as letras, Dilma: TRIBUTAÇÃO DAS GRANDES FORTUNAS, CONFORME A CONSTITUIÇÃO.
Afinal,
Vivemos no capitalismo.
Meu voto pesa.
Vou cobrar.
Beijo.
Suerte pra você, presidenta.
Mas não é só isso, presidenta.
Mas não é o mínimo.
Deixei por último, dois pontos:
1 - Aumento do salário mínimo, na média de cálculo do Dieese e do MF;
2 - Extinção do Fator Previdenciário (perguntem ao Paulo Paim).
E agora edito, pois quase me esqueci, mas não menos importante:
Com todas as letras, Dilma: TRIBUTAÇÃO DAS GRANDES FORTUNAS, CONFORME A CONSTITUIÇÃO.
Afinal,
Vivemos no capitalismo.
Meu voto pesa.
Vou cobrar.
Beijo.
Suerte pra você, presidenta.
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