“Acredito poder ser verdadeiro o fato de que a fortuna arbitre metade de nossas ações, mas que, mesmo assim, ela nos permita governar a outra metade quase inteira (pelo livre-arbítrio).”
A fortuna proporciona a ocasião. Pela destreza do uso da virtù, o príncipe sempre estará com a boa fortuna. A virtù é seu instrumento para dominá-la. A fortuna mostra seu poder a quem não se preparou para enfrentá-la. Maquiavel inicialmente a compara a um rio impetuoso, que transborda, inunda as planícies, arranca árvores, erode a terra, destrói edificações. Contudo, por mais temível que seja o rio, o homem pode enfrentá-lo, domando-o com diques e outras obras para que não saia de seu canal. O príncipe que está preparado coloca obstáculos ao rio e o domina. Maquiavel compara também a fortuna à mulher. Convém ao príncipe – recomenda o autor – que até se mostre impetuoso diante da fortuna. Afinal, ela “é mulher” e está sempre pronta a ceder aos que empregam violência e a tratam com rudeza. A fortuna cede mais aos arrebatados e autoritários que aos homens mais maduros, retos, respeitosos. O príncipe que assim age, aquele que sabe conservar o que a fortuna lhe presenteou, está equipado a manter o poder.
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