Já publiquei no FB e no tuíter (estou ficando moderno).
O judoca brasileiro Felipe Kitadai teve um desarranjo intestinal e borrou a calça do gi (pronuncia-se gui e este é o nome japa do uniforme dos lutadores de "quimono") na semifinal de hoje no judo, categoria até 60 quilos, no Pan do México. Ganhou. Foi à final, lavou a bunda e, de gi limpinho, bateu o mexicano na decisão.
Mais um ouro no esporte de luta que mais dá medalhas ao Brasil. Meu querido karate chega perto.
É pra dizer que o lutador não se rende, nem na mais humilhante situação. Imagine cagar-se em público, num campeonato transmitido pela TV.
Kitadai merece minha admiração.
Se fosse numa luta de vida ou morte você se renderia - e morreria - se largasse um pum errado?
Muitos anos atrás, Luiz Shinohara, hoje técnico da equipe brasileira masculina, disputava um campeonato importante (acho que era um Pan, mas não tenho certeza) quando sentiu-se mal antes de uma luta e falou ao treinador, seu pai, o mestre 9.º dan (acho que já é 10.º) Massao Shinohara, que temia borrar a calça do gi na luta. Pensava em desistir para ir ao banheiro (o regulamento não permite esperas desse tipo), o que daria WO para o adversário.
O mestre ordenou: "Pois vá e lute. Se tiver que cagar no gi, cague. Mas lute."
Shinohara filho segurou o intestino, lutou e venceu.
Kitadai (ninguém lembra da história de Shinohara, só eu, ele e os arquivos da época) nem teve tempo de consultar seu técnico Shinohara filho, o cagão primeiro. Ou será que consultou?
Pois cagou-se e venceu.
Na luta você não pede licença pra espirrar, coçar-se ou largar um pum. Quanto mais para sair e ir ao banheiro.
James Fixx, em seu guia de corrida, conta a história de uma maratonista que teve desarranjo e continuou correndo. As pessoas jogavam-lhe toalhas molhadas e copos de água e ela continuou - cagando e se lavando. Não me lembro direito do trecho do livro, mas acho que é finlandesa e chegou entre as primeiras. (Teve um brasieiro que correu pra moita e chegou, mas não me lembro da história e não vou chutar aqui).
Não importa: poderia ter chegado em último.
O bacana é que o atleta se supera e mesmo com a natureza complicando, deixa de lado a vergonha e continua na luta.
Tenho inveja do Kitadai. Nos meus tempos de sofrível karate-ka, pediria licença ao companheiro para ir ao banheiro.
Mas aprendi. Hoje, nas aulas de jiu-jitsu, em que se espreme o corpo o tempo todo, é preciso ter alimentação leve, mas peidar, humanamente peidar, mesmo diante de 30 marmanjos e moças, é normal.
Então, minhas homenagens ao Felipe Kitadai.
O marrom no gi na semifinal virou dourado na final.
Só não vale peidar no elevador, pessoal. Aí é falta de educação mesmo.
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