Eu já era bem crescidinho.
Foi em 70, diante de um TV PB que meu pai chorou de emoção, enquanto eu chorava e berrava, meu irmão só berrava e minha irmã achava bacana berrar e berrava.
O Brasil (sob Médici) foi ao México e venceu todas: 4 x 1 na Checoslováquia; 1 x 0 na Inglaterra; 3 x 2 na Rumânia; 4 x 2 no Peru; 3 x 1 no Uruguai (mas 50 continua entalado); 4 x 1 na Itália.
Foi um jogaço.
Eu sei porque vi e quase estava lá.
Acompanhe minha narração, sem tempo, lógico.
Tostão bate lateral, Rivelino cruza e Pelé faz de cabeça.
Clodoaldo dá de calcanhar, os italianos roubam, Brito se choca com Felix (que não precisava sair) e Bonisegna empata.
No segundo tempo, o gigante Gerson faz 2 a 1, de fora da área. Jair faz 3 a 1, num chute que não foi chute, porque o italiano cometia pênalti, mas ele escapou.
No final, Clodoaldo, que fizera aquela bobagem no primeiro tempo, dribla quatro italianos, passa a Rivelino, que passa a Pelé, que segura um segundo e toca no vazio - de onde vem Carlos Alberto: 4 x 1.
Nos porões da ditadura, como lembra Millôr em "Bons tempos, hein?", show do MPB4 com texto dele, berrava-se por outros motivos.
Depois eu aprendi.
Mas como lia e sabia tudo de futebol, lá vai o time campeão, com sobrenome e tudo:
Felix Miéli Venerando; Carlos Alberto Torres, Hércules Brito Ruas, Wilson da Silva Piazza e Everaldo Marques da Silva; Clodoaldo Tavares Santana, Gerson de Oliveira Nunes e Roberto Rivelino; Jair Ventura Filho, Eduardo Gonçalves de Andrade e Edson Arantes do Nascimento.
Como disse o pássaro negro de Poe, nunca mais.
Bons tempos, hein?
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