Nunca, na história "desse país", houve alguém como Ademir da Guia. Filho do gênio Domingos, ele gênio também foi. Eis que surge alguém como ele - passadas largas, diabolicamente lento, preciso, clássico como uma sonata, mortífero feito cobra. Paulo Henrique Ganso é Ademir redivivo. Enxerga o campo como um marechal de guerra, mata a bola como um Pelé, passa como um Gerson, surge na área como Coutinho; não enche o pé: coloca; lança feito flecha, mortal. Eis um craque que a besta do Dunga não levará à Copa. Prefere Josué, Kleberson et all. Paulo Henrique lembra em tudo e por tudo o gênio Ademir da Guia. João Cabral faria a ele um poema como fez a Ademir. Ademir da Guia e Paulo Henrique Ganso forévis.
Ademir impõe com seu jogo
o ritmo do chumbo (e o peso),
da lesma, da câmara lenta,
do homem dentro do pesadelo.
Ritmo líquido se infiltrando
no adversário, grosso, de dentro,
impondo-lhe o que ele deseja,
mandando nele, apodrecendo-o.
Ritmo morno, de andar na areia,
da água doente de alagados,
entorpecendo, e então atando
o mais irriquieto adversário.
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