sábado, 17 de abril de 2010

A Ganso o que foi de Ademir da Guia

Nunca, na história "desse país", houve alguém como Ademir da Guia. Filho do gênio Domingos, ele gênio também foi. Eis que surge alguém como ele - passadas largas, diabolicamente lento, preciso, clássico como uma sonata, mortífero feito cobra. Paulo Henrique Ganso é Ademir redivivo. Enxerga o campo como um marechal de guerra, mata a bola como um Pelé, passa como um Gerson, surge na área como Coutinho; não enche o pé: coloca; lança feito flecha, mortal. Eis um craque que a besta do Dunga não levará à Copa. Prefere Josué, Kleberson et all. Paulo Henrique lembra em tudo e por tudo o gênio Ademir da Guia. João Cabral faria a ele um poema como fez a Ademir. Ademir da Guia e Paulo Henrique Ganso forévis.


Ademir impõe com seu jogo
o ritmo do chumbo (e o peso),
da lesma, da câmara lenta,
do homem dentro do pesadelo.

Ritmo líquido se infiltrando
no adversário, grosso, de dentro,
impondo-lhe o que ele deseja,
mandando nele, apodrecendo-o.

Ritmo morno, de andar na areia,
da água doente de alagados,
entorpecendo, e então atando
o mais irriquieto adversário.

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